A partir de 19 de julho, os ingleses não precisarão mais usar máscaras, exceto dentro de hospitais e clínicas. Também poderão reunir-se com familiares e amigos, tanto em ambientes internos quanto ao ar livre. O comércio voltará a funcionar com força total, inclusive restaurantes, os tradicionais pubs e as boates. Grandes eventos, como shows e festas, estarão liberados. Ninguém será obrigado a respeitar o limite de 1m de distanciamento social. Os profissionais terão a escolha de abandonar o trabalho remoto e retornar ao escritório. Passados 521 dias desde o primeiro caso reportado da covid-19, o Reino Unido registrava, até a última atualização deste texto, 128.486 mortes provocadas pelo Sars-CoV-2 e 4,9 milhões de infecções.
O primeiro-ministro Boris Johnson instou a população a “aprender a conviver” com o coronavírus, sem abandonar a cautela. O chefe de governo credita a flexibilização das restrições ao sucesso da campanha de imunização. Pelo menos 45 milhões de britânicos receberam a primeira dose da vacina, enquanto 33 milhões completaram o ciclo da imunização. A meta, agora, é reduzir o intervalo de aplicação das doses de 12 para 8 semanas, o que garantiria que todos os adultos estivessem protegidos até meados de setembro. As medidas anunciadas por Johnson valerão apenas para a Inglaterra, pois Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte decidem suas próprias políticas sanitárias e preferem um desconfiamento mais lento.
“Queremos que os cidadãos exercitem a responsabilidade pessoal”, admitiu Johnson. “Nós devemos destacar que a pandemia está longe do fim e, certamente, não acabará até o dia 19. No entanto, temos que aceitar abertamente que se não suspendermos as restrições aproveitando a chegada do verão, quando o faremos?”, questionou. O premiê defendeu a alteração das ferramentas básicas de controle do comportamento humano, ao extinguir as restrições legais. Johnson tinha imposto um rígido bloqueio no início de janeiro, que começou a diminuir, de forma gradual, no fim de março.
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Especialista
Professor de epidemiologia da vacina pela Faculdade de Medicina Tropical e de Higiene de Londres (LSHTM, pela sigla em inglês), Mark Jit admitiu ao Correio que o uso de máscaras, o distanciamento social e o auto-isolamento podem ajudar a desacelerar a transmissão da covid-19. “Mas, a avaliação sobre se vale a pena seguir com essas mudanças e nosso estilo de vida para reduzir mortes é uma questão de valores, não de ciência”, observou. De acordo com Jit, o Reino Unido está no meio de uma terceira onda da covid-19, com grande número de casos. Ontem, foram 23.896 casos e 15 mortes. Os dias mais críticos foram 8 de janeiro e 20 de janeiro, respectivamente com 68.192 infecções e 1.826 óbitos. Os novos casos diários são causados pela variante Delta, altamente contagiosa.
“É correto dizer que precisamos aprender a conviver com a covid-19, no sentido de que tornou-se quase impossível erradicá-la do mundo, ante o surgimento de variantes, como a Delta, que podem se espalhar tão rapidamente”, comentou Jit. “Todos os países precisam de uma estratégia de longo prazo para conviver com a covid-19, e, ao mesmo tempo, manter o número de mortes baixo. A estratégia mais viável é alcançar uma alta cobertura vacinal em todo o mundo, pois isso protegerá os mais vulneráveis, reduzirá a transmissão e diminuirá a chance de novas variantes”, acrescentou.
Nos próximos dias, o governo de Boris Johnson criará um sistema pelo qual os ingleses totalmente imunizados poderão sair de férias para países da lista “âmbar”, a qual inclui Espanha e grande parte da Europa, sem a necessidade de cumprir com a quarentena no retorno.
» Lento retorno à normalidade
Como outros países começam a retomar a rotina
Estados Unidos
“Se você está totalmente vacinado, não precisa mais usar máscara!”, declarou o presidente Joe Biden, em 13 de maio passado. Na época, os EUA contavam com 35% da população completamente imunizada, ou mais de 177 milhões de pessoas.
Israel
Desde 15 de junho, os israelenses não eram mais obrigados a usar máscara. A flexibilização durou dez dias. Em 25 de junho, Israel retomou a obrigação de usar máscara em lugares públicos fechados e em empresas, após aumento dos casos de covid-19. O país contabiliza 6.428 mortes.
França
Os franceses puderam deixar as máscaras de lado nos ambientes ao ar livre, desde 17 de junho. O toque de recolher foi suspenso três dias depois. O país registrou 111.323 mortes e mais de 5,8 milhões de infecções pela covid-19. Existe o temor de uma quarta onda, no fim deste mês, devido à variante Delta, que representa 30% dos novos casos.
Grécia
Em 23 de junho, suspendeu o o uso obrigatório de máscara ao ar livre, exceto em casos de aglomerações. O país soma 425.964 casos de covid-19 e 12.716 óbitos.
Itália
Com “baixo risco” de contágio, o país suspendeu o uso de máscaras ao ar livre, desde 28 de junho. Até o fechamento desta edição, a Itália registrava 127.469 mortes pela covid-19 e 4.263.317 casos.
Espanha
Também liberou o uso de máscaras ao ar livre desde 26 de junho. O país foi bastante castigado pela pandemia, com 80.911 mortes e 3.833.868 casos.
Duquesa entra em quarentena
Kate, esposa do príncipe William, cumprirá 10 dias de quarentena, após entrar em contato, na semana passada, com uma pessoa que posteriormente testou positivo para covid-19, anunciou o Palácio de Kensington. “Sua alteza real não apresenta qualquer sintoma, mas está seguindo todas as diretrizes do governo a esse respeito e está se isolando em sua residência”, informou o palácio. A duquesa de Cambridge começou a quarentena na sexta-feira, após ser avisada de que era caso de contato com uma pessoa que testou positivo no exame de coronavírus. Sua última aparição em público foi na sexta-feira, em partida do torneio de tênis de Wimbledon. Grande fã do esporte, ela deve perder as finais masculina e feminina do Grand Slam, no próximo fim de semana.
Papa segue internado por sete dias
O papa Francisco “está em bom estado de saúde”, depois de ser submetido a uma cirurgia do cólon, no último domingo, e deverá permanecer internado por pelo menos sete dias no hospital Policlínico Gemelli de Roma, afirmou o Vaticano. Segundo Matteo Bruni, porta-voz da Santa Sé, o pontífice, de 84 anos, reagiu bem à anestesia geral, “encontra-se em bom estado geral, alerta e e respirando sem ajuda”. “Deve permanecer hospitalizado por sete dias, exceto em caso de complicações”, completou Bruni. Francisco foi submetido, no domingo à tarde, a uma operação de estenose diverticular que envolveu uma “hemicolectomia esquerda”. A cirurgia durou três horas. A imprensa mantém plantão do lado de fora do hospital.