O governo britânico recebeu, nesta sexta-feira (30/7), críticas de uma deputada pelas "condições escandalosas" de acolhida de demandantes de asilo e outros migrantes, entre eles mulheres com bebês e crianças, no sul da Inglaterra.
A deputada trabalhista (oposição) Yvette Cooper, presidente da comissão parlamentar de assuntos internos, expressou suas "graves preocupações" pelas "condições escandalosas" dos migrantes, em uma carta à ministra do Interior Priti Patel publicada nesta sexta.
Cooper visitou na terça-feira (27/7) os locais de acolhida dos migrantes para que sua situação fosse examinada pelos assistentes sociais.
Ele descreveu 56 pessoas "amontoadas em uma pequena sala de espera", a maioria delas "sentadas ou encostadas em colchões finos" no chão, incluindo mães com crianças pequenas.
A comissão foi informada que nas últimas semanas os migrantes tiveram que esperar até 36 ou 48 horas (para que sua situação fosse analisada), um prazo que, teoricamente, não deveria passar de 24 horas.
Segundo ela, apesar dos testes de antígeno usados, há também um "risco evidente" de foco de contágio de coronavírus porque "não há ventilação".
Quanto aos locais por onde os migrantes passam quando não estão mais detidos, que na verdade são escritórios, as estadias de vários dias se multiplicam, denuncia a deputada, citando o exemplo de uma jovem obrigada a dormir em um sofá.
Um menor não acompanhado passou mais de 10 dias lá, destaca.
Contatado nesta sexta-feira pela AFP, o ministério do Interior não fez nenhum comentário de imediato.
Segundo a agência de noticias britânica PA, mais de 9.000 migrantes realizaram a perigosa travessia do Canal da Mancha em pequenas embarcações desde o início do ano, mais que o total do ano passado.
Cerca de 3.300 chegaram desde o início de julho, um novo recorde para um só mês.
O governo britânico, que fez do endurecimento da imigração uma prioridade depois do Brexit, acusa frequentemente a França de não fazer o suficiente para combater essas travessias.
Recentemente, o Reino Unido se comprometeu a fornecer 74,5 milhões de dólares em 2021-2022 "para apoiar a França em sua ação de equipamento e de luta contra a imigração irregular", em troca de um reforço das forças de segurança francesas nos litorais, segundo o documento publicado pelo ministério do Interior francês.
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