Os fiéis muçulmanos subiram, nesta segunda-feira (19/7), ao monte Arafat da Arábia Saudita, um momento importante da grande peregrinação à Meca, realizada pelo segundo ano em formato reduzido e com restrições sanitárias pela pandemia.
Apenas 60.000 pessoas - cidadãos e residentes do reino vacinados - estão autorizadas a participar do hajj, a grande peregrinação do Islã.
Os fiéis protegidos por máscara passaram a noite nos campos do vale da Mina e, depois da oração do meio-dia na mesquita de Namira, subiram o monte Arafat, de 70 metros de altura, onde acreditam que o profeta Maomé pronunciou seu sermão final.
No ritual mais importante do hajj, os fiéis passam horas rezando e recitando o Corão para se livrarem de seus pecados, ficando no monte até a noite.
Depois do pôr-do-sol, se dirigem a Muzdalifa, a meio caminho entre Arafat e Mina, onde dormem sob as estrelas antes de realizarem o simbólico apedrejamento do diabo.
Durante o sermão na mesquita, o xeique Bandar Balila elogiou as medidas sanitárias tomadas pelo governo para evitar que o hach "se transforme em um foco de contágios".
A cena foi radicalmente diferente dos outros anos, quando o hajj chegou a reunir 2,5 milhões de pessoas e grandes multidões compareciam ao monte Arafat.
Privilegiados
Estar entre os sortudos "te dá a sensação de que nosso Deus é misericordioso e nos escolheu para estar aqui", disse Selma Mohamed Hegazi, uma egípcia de 45 anos.
"Se Deus quiser, nossas orações serão atendidas", desejou.
"Todo o meu corpo está tremendo", disse à AFP esta mulher, cercada de outros peregrinos emocionados, todos eles com o tradicional "ihram", um vestido branco sem costuras usado durante o hajj.
Os fiéis mencionavam uma sensação de tranquilidade ao descerem do Arafat, também conhecido como "Monte da Misericórdia".
"Ser um dos apenas 60.000 participantes no hajj... me sinto como parte de um grupo privilegiado que pôde chegar a este lugar", disse Baref Siraj, um saudita de 58 anos.
Este ritual anual constitui um dos cinco pilares do Islã, obrigatório para os muçulmanos, se tiverem a capacidade física e financeira de participar.
Organizar o hajj é um assunto de prestígio para o governo saudita, cuja custódia dos lugares mais sagrados do Islã é sua principal fonte de legitimidade política.
Por outro lado, a proibição da participação de peregrinos do exterior causou ressentimento e decepção entre muçulmanos de todo o mundo, que costumam economizar durante anos para conseguirem participar.
Os escolhidos foram selecionados entre mais de 558.000 candidatos e deveriam estar vacinados contra o coronavírus, ter entre 18 e 65 anos e não ser portador de doenças crônicas.
As autoridades buscam repetir o sucesso do ano passado, no qual garantem que nenhum de seus 10.000 participantes foi infectado com a covid-19.
Suas autoridades de saúde afirmaram no domingo que ainda não detectaram nenhuma infecção na peregrinação atual.
A Arábia Saudita detectou mais de 509.000 casos e registrou mais de 8.000 mortes pelo coronavírus, entre uma população de 34 milhões de pessoas. Também aplicou 20 milhões de doses da vacina.
Para evitar surtos da doença em um evento que geralmente leva multidões, as autoridades de saúde dividiram os peregrinos em grupos de 20 pessoas, introduziram "passes eletrônicos" para acessarem sem contato os alojamentos e transportes e instalaram robôs para distribuir as garrafas de água sagrada na Grande Mesquita de Meca.
Ibrahim Siam, um peregrino egípcio de 64 anos procedente de Dammam (leste da Arábia Saudita), afirmou que esses procedimentos "tornaram as coisas muito mais fáceis".
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