Várias representações diplomáticas no Afeganistão pediram nesta segunda-feira (19/7) aos talibãs que interrompam a ofensiva contra as forças governamentais, que contradiz "o apoio que expressaram a uma solução negociada" do conflito.
Depois de dois dias de negociações infrutíferas entre talibãs e o governo em Doha (Catar), 15 representações diplomáticas em Cabul pediram o "fim da atual ofensiva militar dos talibãs, que obstrui os esforços para alcançar uma solução negociada ao conflito".
O comunicado está assinado pela delegação da União Europeia e pelo escritório do alto representante civil da Otan no Afeganistão, assim como pelas embaixadas da Alemanha, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Itália, Japão, Holanda, Reino Unido, República Tcheca e Suécia.
"A ofensiva talibã entra em contradição direta com o apoio que expressaram a uma solução negociada e ao processo de paz em Doha", estagnado desde o início em setembro do ano passado, afirma a nota.
Desde maio, aproveitando a última fase da retirada das tropas estrangeiras do Afeganistão que deve ser concluída no fim de agosto, os talibãs executam uma ofensiva total e assumiram o controle da amplas regiões do país.
As forças governamentais, sem o crucial apoio aéreo das tropas estrangeiras, controlam apenas as capitais de província e algumas estradas importantes.
A missão da ONU no Afeganistão (UNAMA) pediu nesta segunda-feira ao governo e aos talibãs um cessar-fogo "para permitir a todos os afegãos celebrar em paz" as festividades do Eid al Adha, a importante festa do Sacrifício da religião muçulmana.
"As partes devem aproveitar a oportunidade de um cessar-fogo permanente, um acordo de paz e uma paz duradoura, oferecida nas conversações de Doha", afirmou a UNAMA.
Ao mesmo tempo, a Turquia, que negocia com o governo dos Estados Unidos a proteção do aeroporto de Cabul após sua retirada, vai conversar com os talibãs, que são contrários à medida, informou o presidente Recep Tayyip Erdogan.
Previsão de novas reuniões
Na véspera da Celebração do Sacrifício, que começa em 20 de julho e dura três dias, não foi anunciado nenhum cessar-fogo.
Em maio, os talibãs decretaram uma trégua por ocasião do Eid el Fitr, a festividade do fim do Ramadã.
No domingo, ao final de uma nova sessão de negociações no Catar, os dois lados afirmaram em um comunicado que concordam com a necessidade de encontrar uma "solução justa" e com um novo encontro na próxima semana.
O mediador Mutlaq al-Qahtani, do Catar, disse que as duas partes apenas concordaram em tentar "evitar vítimas civis", muito longue do aguardado cessar-fogo.
O diretor do conselho governamental afegão que supervisiona o processo de paz, Abdullah Abdullah, admitiu nesta segunda-feira que "o povo afegão evidentemente esperava mais". "Mas a porta das negociações continua aberta", disse à AFP, antes de destacar que espera progresso "dentro de algumas semanas".
O líder do movimento fundamentalista islâmico, Hibatullah Akhundzada, reiterou no domingo que está "decididamente a favor de uma solução política (...) apesar do avanço e das vitórias militares" dos últimos dois meses.
Em seu comunicado, as representações diplomáticas denunciam também as mortes, a destruição de infraestruturas, as ameaças e o desprezo ao Estado de direito, aos direitos das mulheres e à liberdade de expressão e de imprensa nas zonas ocupadas pelos insurgentes.
No poder de 1996 a 2001, os talibãs adotaram uma interpretação muito rigorosa da lei islâmica, até que foram derrotados pela invasão da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos após os atentados de 11 de setembro.
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