Chuvas torrenciais atinge, nesta quinta-feira (15/7), vários países europeus, principalmente a Alemanha, onde as enchentes provocaram uma catástrofe sem precedentes em mais de duas décadas, com pelo menos 42 mortos.
A dois meses e meio das eleições gerais, vários candidatos, incluindo o conservador e favorito Armin Laschet, acusaram as mudanças climáticas de serem a causa dessas tempestades, particularmente violentas.
Bélgica, onde o mau tempo deixou seis mortos, Luxemburgo e Holanda também sofreram danos significativos.
É no oeste da Alemanha, porém, que a situação é mais preocupante.
"Estou chocada com esta catástrofe sofrida por tantas pessoas nas zonas inundadas. Minha solidariedade para com as famílias dos mortos e desaparecidos", tuitou o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, em nome da chanceler Angela Merkel, que inicia uma visita oficial aos Estados Unidos nesta quinta.
Pelo menos 42 mortes, incluindo 15 no distrito de Euskirchen (Renânia-Palatinado), foram registradas até o meio-dia, segundo a polícia.
O número de vítimas pode aumentar. Na comuna de Schuld, ao sul de Bonn, onde seis casas ao longo do rio desabaram, a polícia contabiliza entre 50 e 60 desaparecidos.
Na localidade de Mayen, as ruas estavam inundadas. A polícia pediu aos moradores locais que enviem vídeos e fotos que possam fornecer pistas sobre seus entes queridos desaparecidos.
"Em 2016, já havíamos experimentado inundações extremas, mas essas são, de longe, muito piores", testemunhou Uli Walsdorf, subchefe dos bombeiros de Mayen.
Situação alarmante
"Temos consciência do perigo, mas nunca vimos nada igual. Meu padrasto tem quase 80 anos, é de Mayen e diz que nunca experimentou nada parecido", acrescentou Ortrud Meyer, de 36 anos, ciente de que a cidade está parcialmente construída em uma zona de inundação.
Armin Laschet, atual líder da CDU e candidato à sucessão da chanceler Angela Merkel nas eleições federais de setembro, cancelou uma reunião na Baviera para administrar a situação em seu estado.
"A situação é alarmante", disse Laschet, usando galochas de borracha para visitar os locais alagados.
Nesta vasta região, dois bombeiros perderam a vida durante os trabalhos de resgate, enquanto dois homens morreram afogados em sua adega inundada.
Cerca de 135 mil residências estavam sem energia esta manhã. Devido à falta de eletricidade, as autoridades tiveram de transferir os quase 500 pacientes da clínica de Leverkusen.
O ministro das Finanças e candidato social-democrata Olaf Scholz também visitará a região para avaliar os danos e estimar a ajuda federal.
A dois meses e meio das eleições, a candidata ambientalista Annalena Baerbock interromperá suas férias.
A situação acontece em plena campanha eleitoral e recorda as inundações do verão de 2002, as quais o chanceler Gerhard Schröder conseguiu enfrentar, antes de ser reeleito contra os conservadores.
O oeste da Alemanha é particularmente atingido por chuvas torrenciais que encheram rios, arrancaram árvores e inundaram estradas e casas.
Os socorristas tentam resgatar as vítimas, muitas das quais se refugiaram nos telhados de casas. Vários acessos estão bloqueados, porém, o que complica as operações.
As autoridades pediram aos moradores que fiquem em casa, se possível, e "se abriguem nos andares superiores, se necessário".
O Exército alemão enviará 300 soldados para as regiões mais afetadas para participarem das operações de resgate.
"Acelerar" as medidas pelo clima
É uma "tragédia", cuja escala está "longe de ser previsível", advertiu o ministro do Interior, Horst Seehofer, ao Bild.
"Esses eventos climáticos extremos são consequências das mudanças climáticas", acrescentou o conservador bávaro, para quem a Alemanha deve "se preparar muito melhor".
"Isso significa que devemos acelerar as medidas de proteção do clima - em nível europeu, nacional e global", acrescentou Laschet, que está à frente dos ambientalistas nas pesquisas.
Moradores das regiões alemãs mais atingidas, Bélgica e Luxemburgo, também são afetados pelo mau tempo.
Quatro corpos foram encontrados nesta quinta por socorristas que ajudavam as vítimas das enchentes no distrito de Verviers, no leste da Bélgica, segundo o procurador da cidade.
De acordo com o canal RTBF, esse balanço eleva para pelo menos seis o número de mortos na Bélgica nestas enchentes ligadas às chuvas torrenciais dos últimos dias.
O Exército foi enviado para quatro das dez províncias do país para participar dos esforços de socorro e, em particular, das inúmeras evacuações de moradores.
"Muitas" casas foram inundadas em todo país, e seus habitantes foram evacuados, segundo as autoridades luxemburguesas.
Na Holanda, a província de Limburgo, que faz fronteira com Alemanha e Bélgica, também registrou danos significativos. Várias estradas, incluindo uma autoestrada muito movimentada, foram fechadas, devido ao risco de inundação.
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