O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, exortou nesta sexta-feira (2/7) a que Marrocos e os separatistas saarauis deem o seu aval a um novo enviado especial para o Saara Ocidental, a fim de relançar as negociações políticas sobre este disputado território africano.
Ao lado do presidente do governo espanhol Pedro Sánchez, Guterres, que realiza visita a Madri, afirmou que "é absolutamente necessário ter um enviado para relançar o diálogo político em relação ao Saara Ocidental".
O cargo está vago desde que seu último titular, o ex-presidente alemão Horst Kohler, renunciou em maio de 2019.
Dois meses antes, as negociações entre a Frente Polisário, que reivindica a realização de um referendo de autodeterminação contemplado pela ONU, e o reino de Marrocos, que não quer ouvir falar de independência e propõe um plano de autonomia sob seu controle, foram suspensas.
A dificuldade em encontrar um sucessor para Kohler, acrescentou Guterres, é que "já levantamos 13 nomes e até agora não tivemos o consenso das duas partes".
Por isso, o secretário-geral solicitou que o próximo candidato apresentado seja finalmente "bem acolhido por ambas as partes", a fim de relançar o diálogo político e "enfrentar todas as frustrações que existem devido a uma crise que ainda não tem saída".
Segundo fontes diplomáticas da ONU, o último candidato proposto, o décimo terceiro, foi Staffan de Mistura, ex-enviado especial das Nações Unidas para o conflito sírio, que foi aceito pela Polisário, mas rejeitado pelo Marrocos.
Há 45 anos, o Saara Ocidental é considerado um "território não-autônomo" pela ONU, na ausência de uma solução definitiva para a questão, já que a Espanha, a potência colonial, abandonou de forma desordenada este vasto território desértico.
A ONU possui uma missão na cidade saaraui de El-Aaiun, a Minurso, mas reduziu consideravelmente as suas atividades.
A disputa se arrasta há décadas entre a Frente Polisário - que é apoiada pela Argélia - e o reino do Marrocos, que controla 80% deste território rico em fosfatos e recursos pesqueiros.
O conflito foi retomado em novembro passado, após uma operação militar marroquina em uma zona tampão no extremo sul do Saara Ocidental, que gerou confrontos com as forças saarauis.
Em abril, a questão foi estendida à Espanha, que recebeu o líder da Polisario, Brahim Ghali, em um hospital para tratamento de coronavírus.
Marrocos protestou vigorosamente contra esse gesto da Espanha e, em retaliação, permitiu em maio que mais de 10 mil jovens entrassem no enclave espanhol de Ceuta, localizado no norte da África, e que se viu numa verdadeira crise por esse afluxo maciço.
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