O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visita nesta quinta-feira (1/7) a Flórida para se encontrar com as famílias devastadas pelo desabamento de um prédio de frente para o mar há uma semana, que deixou pelo menos 18 mortos e 140 desaparecidos.
Biden e sua esposa, Jill Biden, deram as mãos ao deixarem a Casa Branca para pegar o voo para Miami, de onde vão para Surfside, a cidade ao norte de Miami Beach onde, na madrugada de 24 de junho, um bloco de 12 andares desabou no complexo Champlain Towers South.
"O presidente e a primeira-dama agradecerão aos heroicos socorristas, equipes de busca e resgate e outros que trabalham incansavelmente 24 horas por dia por seus esforços em Surfside", anunciou a Casa Branca em um comunicado.
"À tarde, eles se encontrarão com as famílias que se viram obrigadas a suportar esta terrível tragédia, para lhes oferecer conforto", acrescentou.
Entre os mortos estão duas crianças, de quatro e dez anos, disse a prefeita do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, na noite de quarta-feira.
Qualquer vida perdida "é uma tragédia", disse, "mas a perda de nossos filhos é grande demais para suportar".
Pelo menos 29 latino-americanos, da Argentina, Colômbia, Paraguai, Venezuela, Uruguai e Chile, estão entre os desaparecidos. Na lista de falecidos figuram um venezuelano e uma uruguaia-venezuelana. Eles são León Oliwkowicz, de 79 anos, e sua esposa, Cristina, 74.
Tempestade tropical em formação
Biden, que na última sexta-feira (25/6) declarou estado de emergência para liberar ajuda federal para as operações de resgate e realocação dos sobreviventes, será recebido por Levine Cava, pelo governador da Flórida Ron DeSantis e outras autoridades estaduais e locais.
As autoridades disseram que planos de contingência estão sendo colocados em prática no caso de uma tempestade tropical em formação no Atlântico se fortalecer e atingir a costa sul da Flórida na próxima semana, embora o Centro Nacional de Furacões tenha dito que é "muito cedo" para determinar que impacto terá.
Apesar da baixa probabilidade de encontrar pessoas vivas, os socorristas continuam a remover desesperadamente a montanha de escombros em busca de um milagre. Mais de 1.400 toneladas de concreto já foram removidas.
Elad Edri, subcomandante de uma equipe israelense de busca e resgate que vem colaborando com as forças americanas desde domingo, disse que foi concluído um mapa delineando os apartamentos e outros espaços no prédio onde os residentes podem ter ficado presos.
As equipes chegaram a um estacionamento subterrâneo onde acreditavam que poderiam encontrar pessoas presas em carros, mas não encontraram ninguém, disse Edri.
"Danos estruturais"
É improvável que as mudanças climáticas expliquem o colapso de 55 apartamentos, de acordo com Stephen Leatherman, um especialista entrevistado pela AFP.
"A maior preocupação aqui são os furacões, a erosão das praias, as inundações, todos esses problemas. Mas o desabamento de um prédio é algo novo. Nunca vimos isso antes, especialmente em um prédio alto", comentou.
O complexo Champlain Towers South, construído há 40 anos, continha 136 apartamentos, ocupados por proprietários ou inquilinos. Foram as unidades com vista para o mar que desabaram por motivos que ainda estão sob investigação.
Leatherman questionou a qualidade da areia usada para a construção e se a estrutura do prédio estava suficientemente reforçada.
Uma lei aprovada em 1982 obriga os construtores a escavar e construir alicerces sob os pilares do edifício, mas o bloco da torre que desabou foi concluído em 1981, por isso não possui este sistema de fundação.
Um relatório sobre o estado do edifício indicava já em 2018 "danos estruturais significativos", bem como "fissuras" no estacionamento do edifício, segundo documentos divulgados pelas autoridades de Surfside.
A publicação na terça-feira (29/6) de uma carta da presidente da associação de coproprietários, datada de abril, alimentou o debate sobre se o desastre poderia ter sido evitado.
O engenheiro Allyn Kilsheimer, enviado pela cidade de Surfside para investigar a causa do colapso, disse à CBS na quarta-feira que não havia detectado nada que sugerisse um colapso iminente. Provavelmente "uma combinação de fatores" causou a queda, disse ele.
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