A Etiópia pediu nesta quinta-feira (1/7) que as forças da Frente de Libertação do Povo de Tigré (TPLF) também respeitem o cessar-fogo unilateral declarado pelo governo federal.
As tropas leais à TPLF assumiram o controle de Mekele, a capital regional de Tigré, na segunda-feira (28/6), um ponto de inflexão após quase oito meses de conflito entre as antigas autoridades regionais e o governo nacional.
Após este movimento das forças pró-TPLF, o Executivo federal decretou um "cessar-fogo unilateral".
"A decisão de suspender as hostilidades foi tomada unilateralmente, de nossa parte. Mas, é claro, para implementar totalmente um cessar-fogo, são necessários a adesão dos dois, como num tango", declarou nesta quinta-feira o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Dina Mufti, em uma coletiva de imprensa.
"Agora, cabe à parte adversária reagir para que o cessar-fogo possa ser colocado em prática de forma efetiva", insistiu o porta-voz.
A cidade de Mekele estava sob controle do Exército federal desde 28 de novembro, três semanas depois que o primeiro-ministro Abiy Ahmed - prêmio Nobel da Paz 2019 - anunciou uma ofensiva para expulsar as autoridades locais da TPLF, a quem acusou de ter atacado soldados federais.
A princípio, a operação seria breve, mas os combates continuam.
O Exército etíope recebeu o apoio de tropas das autoridades regionais vizinhas de Amhara e de soldados da Eritreia, um país fronteiriço com o Tigré.
Durante meses, as tropas rebeldes não tomaram o controle de nenhum enclave importante, mas afirmavam estar reagrupando suas tropas em áreas rurais.
E em 18 de abril, os rebeldes pró-TPLF lançaram uma ofensiva, três dias antes das eleições nacionais.
Esses combatentes, leais ao governo regional anterior e que se autodenominam Forças de Defesa do Tigré (TDF), entraram na noite de segunda-feira em Mekele, de onde de Exército e a administração fugiram durante o dia, diante do avanço dos rebeldes.
As TDF, que os observadores dizem ter amplo apoio popular, vêm ganhando terreno e já controlariam a maior parte do Tigré, segundo o grupo de reflexão International Crisis Group (ICG).
Na terça-feira (29/6), um porta-voz das forças rebeldes, Getachew Reda, chamou o cessar-fogo de uma "piada".
Os oito meses de conflito em Tigré foram marcados por massacres, estupros e deslocamentos forçados da população, que geraram indignação internacional.
Segundo a ONU, pelo menos 350 mil pessoas estão em situação de fome na região, um número contestado pelo governo etíope. O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou os acontecimentos como "extremamente preocupantes".
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