Religião

Papa preside no Vaticano jornada pela paz no Líbano

A crise no Líbano foi agravada ainda mais pelas explosões, em agosto de 2020, no porto de Beirute que devastaram parte da cidade

Agência France-Presse
postado em 01/07/2021 10:00 / atualizado em 01/07/2021 10:02
 (crédito: Vaticano.va/ Divulgação)
(crédito: Vaticano.va/ Divulgação)

O papa Francisco preside nesta quinta-feira (1/7) no Vaticano um dia dedicado à paz no Líbano com todos os líderes religiosos cristãos, uma iniciativa sem precedentes diante da grave crise social, econômica e política que assola o país.

É um ato emblemático, de reflexão e oração, para buscar uma solução pacífica para a crise neste país fundamental para a estabilidade do Oriente Médio.

Os 10 líderes religiosos cristãos libaneses debatem o futuro do país, à beira de um colapso social e econômico e sem governo desde agosto de 2020.

A crise no Líbano foi agravada ainda mais pelas explosões, em agosto de 2020, no porto de Beirute que devastaram parte da cidade.

Os participantes instalaram-se nesta quinta-feira na Residência Santa Marta, onde vive o papa, e depois rezaram na Basílica de São Pedro, antes das três sessões de trabalho a portas fechadas coordenadas pelo núncio no Líbano, Joseph Spiteri.

"Eu os convido a se juntar a nós espiritualmente, rezando para que o Líbano se recupere da grave crise que está passando e mostre mais uma vez sua face de paz e esperança", tuitou o papa.

À tarde, depois de uma oração ecumênica "pela paz" com textos em árabe, siríaco, armênio e caldeu, Francisco fará o tão esperado discurso final, na presença dos diplomatas.

O Líbano, que segundo o papa está em "extremo perigo", corre o risco de deixar de existir, então "não pode ser deixado sozinho", defendeu Francisco em setembro em mensagem enviada um mês após as explosões no porto.

"O Líbano representa mais do que um Estado, o Líbano é uma mensagem de liberdade e um exemplo de pluralismo, tanto para o Oriente como para o Ocidente", enfatizou.

Em abril, o papa expressou seu desejo de visitar o Líbano "assim que as condições forem reunidas" durante uma audiência com o primeiro-ministro Saad Hariri.

O Líbano atravessa a pior recessão desde a guerra civil de 1975-1990, com mais da metade da população vivendo abaixo da linha da pobreza.

Não está descartado que o papa visite o país no final de 2021 ou no início de 2022.

"A emigração de jovens e o impacto da atual crise nas escolas, hospitais, famílias e segurança alimentar" vão dominar o encontro no Vaticano, segundo o bispo maronita Samir Mazloum, entrevistado pela AFP.

Hoje, "entre 50 e 60% dos nossos jovens vivem no exterior, a população é formada por idosos e crianças", reconheceu, evocando o desemprego e a queda histórica da moeda libanesa.

Para o bispo, grande parte desta crise se deve "à ausência de um governo capaz de tomar decisões e relançar a economia, ou pelo menos acabar com a hemorragia".

Para o diretor da Obra do Oriente, entidade que coordena os programas de ajuda aos cristãos no Oriente, dom Pascal Gollnisch, o encontro servirá para mobilizar a comunidade internacional.

Entre os dez dignitários convidados ao Vaticano está o patriarca maronita Bechara Boutros Raï, à frente da maior comunidade cristã do Líbano, que não cessa de denunciar a corrupção da classe política.

"O encontro é um passo importante para ajudar o Líbano a continuar a ser a pátria da parceria islâmica-cristã", comentou ao jornal libanês L'Orient-Le Jour.

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