Mianmar

Junta militar birmanesa liberta mais de 2.000 presos em protestos

Em fevereiro, a junta libertou cerca de 23.000 detidos e alguns grupos de direitos humanos expressaram temor de que a decisão visasse liberar as prisões para acomodar os ativistas que militar contra o regime militar

As autoridades birmanesas libertaram, nesta quarta-feira (30/6), mais de 2 mil pessoas que participaram dos protestos contra o golpe de Estado e que estavam detidas em várias prisões em todo o país, incluindo jornalistas locais presos por críticas à repressão sangrenta conduzida pela junta militar.

Desde que o Exército tomou o poder em 1º de fevereiro e derrubou o governo civil eleito de Aung San Suu Kyi, as forças de segurança reprimiram com violência o movimento de protesto contra o regime militar.

Mais de 880 civis foram mortos e quase 6.500 presos, de acordo com uma ONG local de monitoramento da crise.

Cerca de 200 pessoas se reuniram pela manhã em frente à prisão de Insein, que data da época colonial, em Yangon, depois que as autoridades anunciaram uma anistia, segundo um correspondente da AFP no local.

Aglomeradas perto das barricadas, várias pessoas carregavam seus guarda-chuvas para se proteger de uma chuva fina, segundo imagens veiculadas pela mídia local. Uma mulher segurava uma flor.

Um homem disse que estava esperando do lado de fora da prisão para ver sua filha, uma manifestante, que seria libertada. "Estou muito orgulhoso dela", disse ele à AFP. "Vou encorajá-los a lutar até a vitória".

No início da noite, 2.296 manifestantes foram libertados das prisões do país, informou a secretaria de Comunicação da junta militar em um comunicado.

Kay Zon Nway, jornalista da agência Myanmar Now, está entre os que foram libertados da prisão de Insein, informou em uma nota este veículo que é veementemente contra a junta.

O chefe de redação da Frontier Myanmar, Danny Fenster, um cidadão americano, está detido nesta prisão desde sua prisão em 24 de maio.

Nenhum estrangeiro está entre os prisioneiros libertados de Insein nesta quarta-feira, informou à AFP uma autoridade do centro penitenciário.

Em fevereiro, a junta libertou cerca de 23.000 detidos e alguns grupos de direitos humanos expressaram temor de que a decisão visasse liberar as prisões para acomodar os ativistas que militar contra o regime militar.

Aung San Suu Kyi, em prisão domiciliar desde o golpe, pediu ao povo birmanês que permaneça "unido" em face do regime militar, segundo disseram seus advogados na terça-feira, quando ela compareceu novamente a um tribunal.

A vencedora do Prêmio Nobel de 1991, julgada por vários crimes, em particular por sedição, pode pegar mais de uma década de prisão se for considerada culpada.

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