O chefe da diplomacia israelense, Yair Lapid, anunciou nesta quarta-feira (30/6) a assinatura de novos acordos de cooperação com os Emirados Árabes Unidos durante a inauguração do primeiro consulado de Israel em Dubai, como parte de uma visita inédita ao país do Golfo.
Lapid inaugurou ontem a embaixada de Israel em Abu Dhabi, a capital dos Emirados Árabes Unidos, a primeira de seu país na região, após a normalização das relações diplomáticas assinada em setembro de 2020.
"Assinaremos novos acordos em julho em Israel. Com isso, as relações se ampliarão", disse Lapid em uma conferência de imprensa em Dubai. "A ideia é passar das relações entre governos para as de empresas e pessoas", acrescentou.
Nesta quarta-feira, ele também visitou o local da Exposição Universal de Dubai, na qual seu país participará de 1º de outubro de 2021 a 31 de março de 2022.
"O pavilhão israelense servirá de plataforma para estabelecer uma cooperação bilateral nas áreas de negócios, da indústria, do investimento, da cultura e do mundo acadêmico", disse em um comunicado Elazar Cohen, responsável deste assunto no ministério das Relações Exteriores israelense.
"Cooperação econômica e comercial"
Lapid também se reuniu com seu homólogo, o xeique Abdullah bin Zayed Al-Nahyan, com quem assinou um acordo "de cooperação econômica e comercial", segundo um comunicado do ministério das Relações Exteriores dos Emirados.
Nos últimos meses, os dois países multiplicaram os anúncios de cooperação em diversas áreas. Em março, os Emirados revelaram a criação de um fundo de investimento de 10 bilhões de dólares (8,3 bilhões de euros) para setores estratégicos em Israel.
Em uma entrevista nesta quarta-feira à agência oficial de notícias emiradense WAM, Lapid disse que o comércio alcançou o equivalente a mais de 568 milhões de euros (674 milhões de dólares) desde que começou a normalização oficial.
No entanto, a visita de Lapid ocorre em meio a tensões nos territórios palestinos ocupados por Israel.
Preocupação com o Irã
Após os acordos com os Emirados, Israel também normalizou suas relações com outra monarquia do Golfo, Bahrein, assim como com Marrocos e Sudão.
Em sua coletiva de imprensa desta quarta-feira, o ministro israelense disse que deseja "estender os acordos de Abraham [acordos de normalização] a toda a região".
"Não é tão simples como parece e levará tempo. Há muitas dificuldades no caminho, mas o objetivo de Israel é a paz na região", disse.
Neste contexto, Lapid expressou sua esperança de que o acordo com o Sudão se concretize.
Após os acordos de Abraham, os olhares se voltam para a Arábia Saudita, um importante aliado dos Estados Unidos no Golfo e a maior economia do mundo árabe.
"Se pudermos avançar com os sauditas, ficaremos contentes em fazê-lo", destacou. Riade rejeitou qualquer normalização com os israelenses antes que a questão palestina seja resolvida.
Os dois países também compartilham a mesma inimizade contra o Irã. Lapid se mostrou "preocupado" com as negociações para salvar o acordo nuclear com o Irã, enquanto adotou um tom mais conciliador que o governo anterior de Benjamin Netanyahu.
"Há três opções. A melhor é um bom acordo que impeça o Irã de conseguir uma arma nuclear. A segunda são as sanções e a pressão máxima. E a terceira seria um mau acordo", disse.