O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta sexta-feira (25) que a sentença de prisão proferida a um ex-policial de Minneapolis pelo assassinato no ano passado de George Floyd, um homem negro desarmado, foi "adequada".
"Não conheço todas as circunstâncias consideradas mas acho, segundo as normas, que parece ser apropriado", disse Biden depois que um juiz condenou Derek Chauvin a 22 anos e meio de prisão pelo fato, que desatou uma histórica onda de protestos.
A condenação ocorreu nesta sexta e rendeu falas da família de Floyd, do assassino condenado e de sua própria mãe, que afirmou que seu filho é "um homem bom".
Os promotores pediram uma pena de 30 anos de prisão contra este homem de 45 anos que, em 25 de maio de 2020, sufocou George Floyd com seu joelho em Minneapolis e desencadeou uma mobilização antirracista inédita em todo país e em outras partes do mundo.
"Cometeu um assassinato brutal", "traumatizou a família da vítima" e "gerou um choque na consciência da nação", disseram os promotores em documentos transmitidos antes da audiência.
Algumas pessoas se reuniram em frente ao tribunal em Minneapolis, onde não estavam os soldados enviados durante o julgamento de oito semanas. Dwayne Johnson, um afro-americano de 51 anos, estimou que Chauvin merece 40 anos de prisão e que espera que a decisão permita que sua cidade vire essa página sombria para sempre.
A lei do estado de Minnesota estabelece uma sentença mínima de 12 anos e meio de prisão para Chauvin, que está detido desde que foi declarado culpado de homicídio em 20 de abril.
O juiz Peter Cahill considerou que Chauvin "abusou de sua posição de confiança e de autoridade", que tratou Floyd com "especial crueldade" diante de menores e que "cometeu o crime como grupo com a participação ativa de pelo menos outros três" policiais.
Antes de anunciar sua decisão, o juiz ouviu os familiares de Floyd. Chauvin também teve a oportunidade de se expressar. Durante seu julgamento, usou seu direito de se manter em silêncio e não manifestou arrependimento, nem pediu desculpas por seus atos.
Paralelamente, o juiz Cahill rejeitou, nesta sexta-feira, um pedido apresentado pela defesa para um novo julgamento devido a dúvidas sobre a imparcialidade de alguns membros do júri, ao considerar que "não conseguiu provar" suas acusações.
Alívio
Há exatos 13 meses, Chauvin e três colegas prenderam Floyd, de 46 anos, sob a suspeita de que teria usado uma nota falsa de 20 dólares em uma loja de Minneapolis. Ele foi algemado e imobilizado contra o chão no meio da rua.
Depois, Chauvin se ajoelhou sobre o pescoço de Floyd durante quase dez minutos, ignorando as súplicas da vítima e das pessoas que passavam por ali angustiadas.
A cena, filmada com um celular e publicada nas redes sociais por uma jovem, rapidamente viralizou e desencadeou manifestações em diferentes partes do mundo.
Nesse contexto, o julgamento de Chauvin foi acompanhado de perto desde março por milhões de pessoas em todo país.
Durante semanas, a cena do crime foi revisada de todos os ângulos, os depoimentos das testemunhas e das partes foram ouvidos novamente, e uma quantidade inédita de policiais compareceu à sala de julgamento, em sua maioria para denunciar a atitude de seu ex-colega.
O advogado do ex-policial, Eric Nelson, insistiu em que Chauvin seguiu os procedimentos policiais vigentes naquele momento e que a morte de Floyd ocorreu, devido a problemas de saúde agravados pelo consumo de drogas.
Os membros do júri não foram convencidos e levaram menos de dez horas para declará-lo culpado. Sua decisão foi recebida com alívio em todo país, porque muitos temiam que uma absolvição levasse a piores distúrbios com a isenção de responsabilidade de um policial branco, mais uma vez.
Nelson não mudou sua estratégia de defesa e disse que seu cliente cometeu "um erro de boa-fé". Solicitou uma sentença reduzida ao tempo já cumprido, o que permitiria que seu cliente fosse solto de imediato.
Também alertou para o risco de que seu cliente, que foi preso após o anúncio do veredito em um estabelecimento de alta segurança, seja assassinado na prisão.
O caso, no entanto, não termina com Chauvin: seus três ex-colegas serão julgados pela Justiça de Minnesota em março de 2022 por acusações de cumplicidade no homicídio.
Paralelamente, os quatro homens também enfrentam acusações federais por violarem os direitos constitucionais de Floyd. Ainda não foi estabelecida uma data para esse julgamento.
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