Guillaume Soro, ex-primeiro-ministro da Costa do Marfim durante a presidência de Alassane Ouattara e ex-líder rebelde, foi condenado nesta quarta-feira (23) à revelia à prisão perpétua por "ataque contra a segurança do Estado" por acontecimentos de 2019.
Soro foi acusado junto com 19 outras pessoas de fomentar uma "insurreição civil e militar" para derrubar Ouattara em dezembro de 2019, dez meses antes da polêmica eleição presidencial de 2020 que o chefe de Estado ganhou.
Entre as fortes medidas de segurança, um tribunal de Abidjan impôs prisão perpétua a Soro, conforme solicitado pela Promotoria, e 20 anos de prisão para seu ex-chefe de gabinete, sua ex-ministra e seu ex-chefe de comunicação, constatou um repórter da AFP.
Sete militares, dois deles irmãos do ex-primeiro-ministro e seu ex-braço direito, Alain Lobognon, foram condenados a 17 meses de prisão por "perturbação da ordem pública".
O tribunal também ordenou o confisco dos bens dos condenados, que devem pagar cerca de 180 milhões de dólares ao Estado, e dissolver seu movimento, Gerações e Povos Solidários (GPS), por "atos subversivos".
Dos 20 réus, quatro não compareceram ao julgamento, incluindo Guillaume Soro, de 49 anos e exilado. O juiz Charles Bini emitiu "um mandado de prisão" contra ele.
Em outubro, o presidente Alassane Ouattara garantiu que, para seu ex-aliado, seria "prisão perpétua".
"Não ficamos surpresos com a decisão", disse Souleymane Diallo, um dos advogados de defesa, a repórteres após o veredicto, para quem se trata de um "julgamento político" e um "ajuste de contas".
Soro, que como chefe rebelde controlou a metade norte da Costa do Marfim na década de 2000, ajudou militarmente Ouattara a chegar ao poder durante a crise pós-eleitoral de 2010-2011.
O então presidente Laurent Gbagbo se recusou a admitir a vitória do atual chefe de Estado nas eleições presidenciais do final de 2010, uma crise que matou 3.000 pessoas.
Em 2011, Soro tornou-se o primeiro chefe de governo de Ouattara, antes de ser nomeado um ano depois como presidente da Assembleia Nacional, cargo que ocupou até 2019.
Mas suas ambições presidenciais, segundo analistas, consumaram a ruptura de ambos os líderes no início daquele ano.
Em abril de 2020, Soro foi condenado a 20 anos de prisão por desvio de dinheiro público, sentença que o rendeu à inabilitação da candidatura presidencial meses depois.
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