A Austrália se oporá a um plano da Unesco de incluir a Grande Barreira de Corais na lista de patrimônio mundial em perigo devido à deterioração causada pela mudança climática, anunciou o governo nesta terça-feira (22/6).
A Unesco publicou na segunda-feira (21/6) um relatório preliminar no qual recomenda que o status da Grande Barreira de Corais, incluída no patrimônio mundial desde 1981, seja degradado devido à sua deterioração, em grande parte em função dos episódios de branqueamento dos corais, consequência de distúrbios climáticos.
Segundo as organizações ecologistas, a recomendação mostra uma falta de vontade do governo para reduzir as emissões de carbono.
"Concordo que a mudança climática global é a maior ameaça aos recifes do mundo, mas é errado, em nossa opinião, designar o recife mais bem administrado do mundo para uma lista (de locais) 'em perigo'", declarou a ministra australiana do Meio Ambiente Susan Ley.
A Austrália vai tentar impugnar o projeto, que vai contra "garantias prévias de altos funcionários da ONU", afirmou a ministra em um comunicado, um mês antes da próxima sessão do comitê do patrimônio mundial da Unesco, marcada para julho na China.
A ministra disse que a decisão da Unesco não leva em consideração os bilhões de dólares gastos na proteção da Grande Barreira de Corais, localizada no nordeste da Austrália.
"Envia um sinal equivocado aos países que não fazem os investimentos que estamos fazendo na proteção dos recifes de coral", declarou Susan Ley.
O relatório preliminar, no entanto, destaca os esforços da Austrália para melhorar a qualidade dos recifes, sobretudo do ponto de vista financeiro.
Mas lamenta "que as perspectivas a longo prazo para o ecossistema (da Barreira) tenham deteriorado ainda mais, passando de medíocres a muito medíocres". O texto faz referência a dois episódios de branqueamento em 2016 e 2017.
Ley disse que conversou com a diretora geral da Unesco, Audrey Azoulay, para expressar a "grande decepção".
A inclusão na lista de locais em perigo não é considerada uma sanção da Unesco. Alguns países inclusive a encaram como uma forma de conscientizar a comunidade internacional e de contribuir para a proteção do patrimônio.
A Austrália não estabelece um objetivo de neutralidade de carbono para 2050. O primeiro-ministro conservador Scott Morrison afirmou que o país espera alcançar a medida "o mais rápido possível", sem colocar em perigo os empregos e as empresas.
A Austrália é um dos maiores importadores de carvão e gás natural do mundo.