História

EUA lembram fim da escravidão com feriado nacional repleto de eventos

"É um pouco surreal comemorar enquanto travamos uma luta contra os ataques" ao direito ao voto das minorias, tuitou o senador da Pensilvânia Sharif Street

Nova York, Estados Unidos — Com passeatas, churrascos, música e discursos, os Estados Unidos comemoravam neste sábado o "Juneteenth", feriado nacional que lembra o fim da escravidão, um ano após a morte de George Floyd.

Seu assassinato, ocorrido em maio de 2020 em Minneapolis (norte), gerou um movimento nos Estados Unidos e no exterior contra o racismo e a brutalidade policial.

Ocasião festiva desde 1866, o Juneteenth o é ainda mais este ano, por ser também o primeiro evento nacional que acontece sem restrições sanitárias, já que a maioria das medidas de combate à pandemia foram levantadas nas últimas semanas.

Centenas de eventos foram planejados em todo o país. Na última quinta-feira, o presidente Joe Biden sancionou uma lei que torna o 19 de junho feriado nacional.

"Demorou muito", disse Cheryl Green, 68, na inauguração de uma estátua de George Floyd no Brooklyn. “É bom que as pessoas reconheçam o que aconteceu. Não deveríamos esquecer nunca e isso não deveria voltar a acontecer”, assinalou a moradora desse bairro de Nova York. "As mudanças estão sendo feitas lentamente, mas com segurança."

Em Washington, centenas de pessoas celebraram a data dançando na avenida que leva à Casa Branca, rebatiada de Black Lives Matter Plaza. Kevin Blanks, 29, decidiu acompanhar a passeata para denunciar o racismo "ainda muito arraigado no DNA deste país".

"Nossos antepassados lutaram de forma tão dura", comenta Danique McGuire, 51, afirmando que "resta ainda um longo caminho a percorrer" até os negros se tornarem realmente livres nos Estados Unidos.

Uma pesquisa divulgada terça-feira pelo Instituto Gallup mostrou que 28% dos americanos "nada sabiam" sobre a data.

Comemoração 'surreal'

"É um pouco surreal comemorar enquanto travamos uma luta contra os ataques" ao direito ao voto das minorias, tuitou o senador da Pensilvânia Sharif Street.

Entre janeiro e maio, 14 estados dos EUA, incluindo Geórgia e Flórida, aprovaram leis para restringir as possibilidades de voto, medidas interpretadas como destinadas a reduzir a influência do voto das minorias, principalmente da comunidade negra.

Para Farah Louis, vereadora de Nova York, a proclamação do Juneteenth como feriado e o impulso do movimento pós-Floyd oferecem "uma oportunidade" para a comunidade negra. "Deve-se agir no calor dos fatos", disse, referindo-se ao debate sobre indenizar os negros pelos danos da escravidão.

Saiba Mais