A aviação israelense atacou posições do Hamas na Faixa de Gaza nesta quarta-feira (16, quinta-feira 15 de Brasília), um dia após balões incendiários terem sido lançados do território palestino para o sul de Israel, nos primeiros grandes incidentes desde o cessar-fogo de maio.
Os ataques aéreos israelenses são os primeiros desde que o novo governo liderado pelo ex-ministro da Defesa Naftali Bennett assumiu o poder no domingo passado, encerrando mais de 12 anos de governo ininterrupto de Benjamin Netanyahu.
De acordo com fontes palestinas, a aviação israelense teve como alvo pelo menos um local a leste de Khan Younis, uma cidade ao sul da Faixa de Gaza, o enclave empobrecido de dois milhões de pessoas.
Cerca de mil apartamentos, escritórios e lojas foram destruídos na última guerra com Israel, a quarta desde 2008.
O Exército israelense confirmou em comunicado que seus "aviões de guerra" atacaram locais do Hamas usados para "reuniões" desse movimento, em retaliação ao lançamento de balões incendiários nesta terça-feira, que causaram uma série de incêndios no sul de Israel, segundo os bombeiros locais.
Estes são os primeiros ataques israelenses ao território palestino, controlado por islâmicos do Hamas, desde a chegada ao poder no domingo de uma coalizão heterogênea que encerrou 12 anos de governo de Benjamin Netanyahu em Israel.
Os ataques e o lançamento de balões incendiários são os primeiros incidentes entre Israel e Gaza desde o cessar-fogo de 21 de maio, que pôs um fim a 11 dias de uma guerra que deixou 260 mortos do lado palestino, incluindo crianças e adolescentes, e 13 falecidos em Israel, incluindo uma criança e um adolescente.
Os ataques ocorrem após uma manifestação de nacionalistas e da extrema direita que reuniu mais de mil pessoas nesta terça-feira em Jerusalém Oriental, um setor palestino da cidade ocupada por Israel em 1967.
Pedido por moderação
Os Estados Unidos e a ONU pediram moderação em face dessa polêmica demonstração que o novo governo israelense de Naftali Bennett autorizou.
O movimento Hamas, que fez da defesa de Jerusalém sua principal política nas últimas semanas, ameaçou Israel com retaliação se a manifestação se aventurasse nos bairros muçulmanos da cidade.
A "marcha das bandeiras" comemorou o "dia de Jerusalém" para os israelenses, quando a parte oriental da cidade foi ocupada e anexada em 1967, uma ação ainda considerada ilegal pelo direito internacional.
Os manifestantes, incluindo personalidades da extrema direita como Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich, chegaram à praça em frente ao Portão de Damasco, que dá acesso ao bairro muçulmano da cidade, onde fica a Esplanada das Mesquitas.
Batalha por Jerusalém
"O povo eterno não teme uma longa estrada", gritavam os manifestantes enquanto agitavam bandeiras azuis e brancas de Israel. Gritos de "morte aos árabes" também foram ouvidos, segundo uma equipe da AFP no local.
A última rodada de confrontos entre Israel e Hamas começou em 10 de maio, o dia inicialmente programado para esta marcha, após violentos tumultos na Esplanada das Mesquitas entre palestinos e policiais israelenses.
Em solidariedade aos palestinos feridos nos confrontos, o Hamas disparou foguetes contra as grandes cidades de Israel, que responderam com pesados ataques marcando o início de uma guerra de 11 dias, que terminou com um cessar-fogo negociado através do Egito.
Depois da guerra Hamas-Israel, os movimentos israelenses de extrema direita voltaram à luta com a marcha, apesar dos apelos de deputados árabes israelenses para que a manifestação fosse cancelada.
Segundo o Hamas, os mediadores que conseguiram o cessar-fogo com Israel exigiram que as facções palestinas "não se envolvam em uma escalada militar baseada na marcha das bandeiras" para evitar o fracasso das negociações que buscam consolidar a trégua.
Ainda não é claro se a última troca de hostilidades foi um evento limitado ou se é o início de uma nova escalada.