O Fundo de Luta contra a Corrupção (FBK), principal organização do líder opositor russo Alexei Navalny, afirmou nesta quinta-feira (10/6) que vai seguir adiante com seus trabalhos, depois que a justiça russa a classificou de "extremista".
"Acordamos, sorrimos com intenção destrutiva e sabendo que somos um 'perigo para a sociedade' nós vamos continuar lutando contra a corrupção!", afirmou a organização no Twitter em resposta à decisão da justiça russa.
Um tribunal russo classificou na quarta-feira (9/6) como "extremistas" as organizações de Navalny em todo o país, uma decisão que proíbe suas atividades e abre o caminho para uma repressão ainda maior de seus partidários.
O opositor, de 45 anos, cumpre pena de dois anos e meio de prisão por um caso de fraude que ele considera político.
Uma mensagem publicada na conta de Navalny no Instagram afirma: "Iremos nos organizar, evoluir, iremos nos adaptar. Mas não iremos recuar em nossos objetivos e ideias. É o nosso país e não temos outro".
Os opositores do Kremlin entendem a decisão como um desejo de excluir do cenário político as vozes críticas do presidente Vladimir Putin.
A sentença do tribunal foi anunciada após meses de repressão contra a oposição, marcada pelo envio de Navalny a uma colônia penitenciária, o exílio de vários ativistas de seu movimento e medidas contra a imprensa independente e outras vozes críticas.
A partir de agora, os membros das organizações consideradas extremistas correm o risco de condenações a longas penas de prisão e não poderão participar nas eleições.
Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia (UE) condenaram a decisão da justiça russa.
"É uma decisão infundada que confirma um padrão negativo de repressão sistemática dos direitos humanos e das liberdades consagradas na Constituição russa", afirmou em uma nota oficial o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.
Para ele, a decisão judicial constitui "o esforço mais sério até o momento por parte do governo russo para reprimir a oposição política independente e as investigações anticorrupção, e para eliminar a influência das redes políticas do senhor Navalny".
Borrell também reiterou o apelo da UE para a "libertação imediata e incondicional" de Navalny.