Quase 500.000 pessoas morreram em 10 anos de guerra na Síria, anunciou nesta terça-feira (1/6) o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), em um balanço atualizado que inclui mais de 100.000 óbitos confirmados recentemente pela ONG.
O conflito explodiu em 2011 com a repressão de manifestações pró-democracia por parte de Damasco e envolveu vários atores regionais e grandes potências. Desde então. milhões de pessoas foram obrigados a partir para o exílio.
De acordo com a ONG, que tem sede em Londres e dispõe de uma ampla rede de fontes militares e médicas em todo o país, a guerra provocou 494.438 mortes.
A grande maioria das mortes que a organização conseguiu confirmar aconteceu entre "o fim de 2012 e o fim de 2015", afirmou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.
No balanço anterior, publicado em março, o OSDH contabilizava 388.000 mortes desde o início da guerra.
O OSDH conseguiu confirmar desde então as mortes de outras 105.015 pessoas. Quase metade (42.103) são civis que perderam a vida torturados nas prisões do regime.
Desde o início do conflito faleceram 159.774 civis, incluindo 25.000 menores de idade, segundo o OSDH.
A ONG afirma que os ataques do regime sírio e de suas milícias são responsáveis pela maioria das mortes.
Milhares de mortes sem confirmação
Além disso, nos confrontos morreram 168.000 combatentes pró-regime, metade deles soldados sírios. Também faleceram não sírios aliados de Damasco, assim como 1.707 membros do movimento xiita libanês Hezbollah.
O conflito provocou 79.844 mortes entre os rebeldes, incluindo os islamitas, e 68.393 entre os extremistas, principalmente do Estado Islâmico (EI) e do Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ex-braço sírio da Al-Qaeda.
O OSDH também contabilizou 57.567 mortes nas prisões governamentais e outros centros de detenção do regime.
A ONG explica, no entanto, que seu balanço não inclui quase 47.000 detentos que teriam falecido nas penitenciárias - mortes que a organização não conseguiu confirmar.
A intensidade dos combates caiu desde 2020, sobretudo graças a um cessar-fogo no noroeste da Síria que inclui a Idlib, o último reduto extremista e rebelde, e também à pandemia, que concentrou esforços de todos os lados para evitar a covid-19.
Depois de registrar diversas vitórias a partir de 2015 graças ao apoio da Rússia e Irã, o regime de Damasco controla quase dois terços do território.
O presidente Bashar al Assad, no poder desde 2000, foi reeleito em maio para um quarto mandato de sete anos.
As eleições aconteceram em meio a uma grave crise econômica, com uma desvalorização histórica da moeda, uma inflação galopante e mais de 80% da população vivendo abaixo da linha da pobreza, segundo a ONU.
Estas foram as segundas eleições presidenciais desde o início da guerra devastadora.
Em um país com infraestruturas em ruínas, Assad se apresenta como o homem da reconstrução. Um relatório recente da ONG World Vision calculou em 1,2 trilhão de dólares o custo econômico da guerra.