O papa Francisco recebeu nesta segunda-feira (28/6), no Vaticano, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, numa reunião de alto nível com líderes do governo democrata de Joe Biden, durante a qual abordaram questões como a crise na Venezuela e na Síria.
A reunião com o papa argentino - que acontece após a visita, em 15 de maio, do enviado especial dos EUA para o clima, John Kerry - deverá significar um apaziguamento diplomático após uma relação por vezes tensa durante a presidência de Donald Trump.
Blinken começou seu dia agitado com uma visita à Capela Sistina, após a qual se reuniu com o pontífice argentino em sua sala privada do palácio apostólico, com quem conversou por 40 minutos.
"A audiência aconteceu em um clima cordial. Durou cerca de 40 minutos e foi uma oportunidade para que o papa recordasse a viagem que fez em 2015 e expressar seu carinho e atenção ao povo dos Estados Unidos da América", disse o porta-voz do papa, Matteo Bruni, à imprensa.
Esta foi a primeira reunião do sumo pontífice com um representante do gabinete de Joe Biden, o segundo presidente católico da história dos Estados Unidos. A expectativa é de uma nova era nas relações entre os EUA e o Vaticano, após os quatro anos de tensões com o então presidente Donald Trump.
Ao final da audiência com o papa, o chefe da diplomacia americana se reuniu com o número dois do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, e com o arcebispo Paul Gallagher, encarregado das relações com outros Estados.
A crise na Venezuela foi um dos assuntos principais das reuniões no Vaticano, disse à imprensa o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price.
"Ele reiterou o apoio dos Estados Unidos ao retorno da democracia na Venezuela e nosso desejo de ajudar o povo venezuelano a reconstruir seu país", afirmou.
Síria, China e extremistas
A Igreja Católica tem um papel importante na Venezuela, onde o governo do democrata Joe Biden adotou uma abordagem mais discreta em comparação com a do ex-presidente Donald Trump, que impôs amplas sanções e ameaçou depor à força o presidente socialista Nicolás Maduro.
Blinken também discutiu no Vaticano assuntos de interesse comum, entre eles a migração, a mudança climática e a campanha de vacinação mundial contra a covid-19, informou a mesma fonte.
O chefe da diplomacia americana abordou também a delicada questão dos "direitos humanos e da liberdade religiosa" na China, a qual gerou tensões inéditas com o ex-presidente conservador Donald Trump.
Blinken começou no domingo uma visita de três dias à Itália e ao Vaticano, com uma agenda bastante carregada. O primeiro compromisso foi um almoço com o ministro italiano das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, na Vila Madama, em Roma.
Diante dos representantes da coalizão de 83 países que lutam contra o grupo Estado Islâmico (EI), Blinken pediu para repatriar seus cidadãos detidos na Síria por pertencerem ao grupo extremista.
"É uma situação insustentável, não pode durar indefinidamente", disse ele na reunião em Roma.
Cerca de 10.000 supostos combatentes do grupo EI estão no norte da Síria, depois de terem sido detidos por combatentes curdos, aliados dos países ocidentais, segundo as estimativas dos Estados Unidos.
De acordo com um relatório da ONG Human Rights Watch, publicado em março, as Forças Democráticas Sírias, lideradas pelos curdos, mantêm detidos em campos especiais mais de 63.000 esposas e filhos de supostos combatentes do grupo EI, os quais pertencem a mais de 60 países.
A visita de Blinken à Itália e ao Vaticano continuará na terça-feira, com uma reunião de ministros das Relações Exteriores do G20 na cidade italiana de Matera, ao sul da Itália.
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