Os talibãs mantêm sob seu controle, nesta quarta-feira (23/6), a principal rota de saída do Afeganistão para o Tadjiquistão, um eixo crucial para as relações econômicas com a Ásia Central - informaram diferentes fontes locais ouvidas pela AFP.
Depois da tomada do posto fronteiriço de Shir Khan, os insurgentes também continuam a controlar as outras passagens, afirmam autoridades provinciais.
"Os talibãs controlam Shir Khan, e não vejo qualquer movimento por parte do governo para tentar recuperá-lo", lamentou Amruddin Wali, membro do conselho provincial, que também relatou disparos ao redor de Kunduz, a principal cidade do nordeste do território.
O porta-voz da Câmara de Comércio e Indústria, Massoud Wahdat, denunciou saques e destruição. Segundo a Câmara, 150 caminhões carregados de mercadorias esperavam em Shir Khan no momento do ataque.
"Nossos funcionários locais afirmam que os talibãs confiscaram todos os bens e mercadorias no posto fronteiriço e destruíram as alfândegas. Levaram até os aparelhos de ar-condicionado", afirmou.
Já o porta-voz dos insurgentes, Zabiuhulah Mujahid, denunciou uma "propaganda", garantindo que "os mujahedine controlam plenamente Shir Khan, e estamos trabalhando para relançar as operações".
Desde a manhã de terça-feira (22/6), os talibãs controlam o posto fronteiriço mais importante com o Tadjiquistão e as demais rotas para este país, assim como os distritos que levam a Kunduz, a cerca de 50 quilômetros de distância.
De acordo com uma autoridade afegã que não quis ser identificada, "centenas" de talibãs atacaram à noite, obrigando as tropas a fugirem para o Tadjiquistão.
Nesta quarta pela manhã (23/6), o ministro da Defesa, Bismila Khan Mohamadi, fez um primeiro comentário sobre a situação e prometeu "defender o Afeganistão a todo custo".
"Não permitiremos que os talibãs continuem seus planos malignos de impor seu regime ilegítimo ao povo", declarou o ministro, em um comunicado.
Os talibãs vêm intensificando suas ofensivas desde o início, em maio, da retirada das tropas americanas.
Diante dos sucessivos reveses sofridos pelo Exército afegão, em particular nas províncias do norte, o Pentágono anunciou na terça-feira uma possível "desaceleração" das operações.
"Mais de 50 dos 370 distritos afegãos caíram desde o início de maio", a maioria em torno das capitais provinciais que se encontram cercadas, afirmou a representante especial das Nações Unidas em Cabul, Deborah Lyons, na terça-feira (22/6).
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