Sem bebidas alcoólicas, sem abraços, sem alegria e sem autógrafos. Os organizadores dos Jogos Olímpicos de Tóquio revelaram nesta quarta-feira (23/6) novas regras anticovid muito rigorosas para os espectadores do evento, a apenas um mês da cerimônia de abertura.
A presidente do comitê organizador, Seiko Hashimoto, declarou que "o ambiente festivo terá que ser suprimido para que os Jogos sejam seguros". Também afirmou que será necessário ter "criatividade" para estimular um ambiente positivo, apesar das restrições.
Na segunda-feira (21/6), o comitê anunciou a permissão de no máximo 10.000 torcedores que moram no Japão em cada local de competição, mas Hashimoto advertiu que não devem esperar algo parecido com Eurocopa, por exemplo.
"Na Europa, os lugares estão cheios de comemorações. Infelizmente, talvez não possamos fazer o mesmo", frisou.
No Japão, os espectadores deverão cumprir requisitos anticovid para entrar nas sedes olímpicas.
Uma pessoa com temperatura corporal superior a 37,5 graus durante dois controles terá a entrada negada, assim como qualquer torcedor que tossir, ou não usar máscara.
Se a entrada for rejeitada, a pessoa não terá o ingresso reembolsado.
Uma vez dentro do local de competição, os torcedores poderão aplaudir, mas não terão o direito de estimular os atletas "nem entrar em contato direto com outros espectadores". A recomendação será de sair imediatamente após as competições.
Nem autógrafos nem álcool
Também será proibido pedir autógrafos aos atletas, ou "expressar apoio verbal", agitar uma toalha, ou participar de "qualquer forma de aclamação que possa resultar em uma multidão".
Durante os Jogos Olímpicos, os espectadores não terão acesso a bebidas alcoólicas, que são permitidas em outros eventos esportivos organizados atualmente no Japão. A decisão foi tomada "para atenuar, na medida do possível, as preocupações da população", explicou a presidente do comitê Tóquio-2020.
A oposição interna aos Jogos parece ter registrado queda nas últimas semanas, mas quase metade dos japoneses permanecem contrários à organização do evento dentro de quatro semanas, segundo as pesquisas.
"As pessoas podem sentir alegria no coração, mas não podem fazer barulho e devem evitar as multidões", disse Hashimoto. "Estamos nos esforçando muito para encontrar uma nova forma de celebrar", completou.
Ela disse que os Jogos de Tóquio ressaltarão os "verdadeiros valores" do evento olímpico.
Para Hashimoto, as restrições são uma oportunidade para transcender a pompa que acompanha os Jogos Olímpicos e se concentrar no esporte.
Nos últimos anos, "os Jogos tendiam a um entusiasmo extremo, mas, com isto, o significado e os valores originais... não eram transmitidos completamente", afirmou à imprensa.
"Desta vez, acredito que serão abordados os verdadeiros valores dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos", completou.
Hashimoto participou de sete edições dos Jogos Olímpicos, de verão e inverno, na patinação de velocidade e no ciclismo de pista.
Ela assumiu a presidência do comitê organizador depois que seu antecessor, o ex-primeiro-ministro Yoshiro Mori, renunciou após declarações machistas. Mori afirmou que as mulheres falavam muito nas reuniões.
Hashimoto nega que as dificuldades de Tóquio-2020 desanimem os anfitriões.
"Eu vejo como uma oportunidade para apresentar a essência dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, e para mudar o formato dos Jogos", disse.
Os Jogos Olímpicos de Tóquio serão diferentes de todas as edições anteriores. Os torcedores procedentes do exterior estão vetados, e os atletas permanecerão afastados do público.
Os atletas serão submetidos a fortes restrições que incluem testes diários e a proibição de deslocamentos, exceto entre os locais de competição e treinamento e a Vila Olímpica.
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