Jeffrey Donaldson, uma figura moderada do unionismo na Irlanda do Norte, foi nomeado nesta terça-feira (22/6) como novo líder do DUP, o principal partido da província britânica em plena crise política agravada por tensões relacionadas com o Brexit.
O deputado de 58 anos deve ser o terceiro primeiro-ministro em um mês da província governada pelo "Democratic Unionist Party" - a favor da permanência dentro da coroa britânica - e pelos republicanos do Sinn Fein, que defendem a reunificação com a República da Irlanda.
"Quero trazer estabilidade", afirmou Donaldson.
Ele assume em um momento de grande tensão, a poucos dias da entrada em vigor de novas restrições ao comércio entre a ilha da Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte após o Brexit, que estão no centro do conflito entre Londres e Bruxelas.
Donaldson pediu ao governo britânico e à União Europeia (UE) que "intensifiquem os esforços e reconheçam as falhas" do protocolo norte-irlandês negociado no âmbito do Brexit. O acordo é muito criticado pelos unionistas, porque instaurou, a partir de 1º de janeiro, um estatuto aduaneiro particular para a província britânica.
Ao contrário de seu antecessor Ewin Poots, ele não pediu a eliminação dos dispositivos, que impedirão, a partir de 1º de julho, o envio de carne refrigerada para a Irlanda do Norte, o que deu lugar à chamada "guerra das salsichas" entre Londres e Bruxelas.
"O governo e os que pretendem proteger a paz e a estabilidade devem agir e tratar o protocolo de forma que respeite a integridade constitucional e econômica do Reino Unido", destacou Donaldson, que espera ter uma reunião com o primeiro-ministro Boris Johnson "o mais rápido possível".
Edwin Poots, um fundamentalista protestante e partidário de uma linha unionista dura, anunciou sua renúncia na semana passada, pressionado por uma rebelião interna. Passou três semanas no cargo.
Antes, outra crise parecida afetou sua antecessora Arlene Foster. Ela foi acusada de permitir o estabelecimento de controles alfandegários para o fornecimento de mercadorias procedentes da Grã-Bretanha, do outro lado do Mar da Irlanda, ou seja, criando uma fronteira dentro do Reino Unido.
O momento é de preocupação nesta província britânica de 1,9 milhão de habitantes, marcada por três décadas de violência entre defensores da monarquia, majoritariamente protestantes, e republicanos, majoritariamente católicos. O conflito deixou um balanço de 3.500 mortos até o Acordo de Paz de 1998.
Os unionistas estão furiosos com o protocolo da Irlanda do Norte, que, segundo eles, prejudica o espaço da província dentro do Reino Unido e o fluxo comercial.
Para evitar o retorno de uma fronteira física com a República da Irlanda - país-membro da UE -, o acordo mantém a Irlanda do Norte dentro do mercado único europeu e da união alfandegária para as mercadorias.
Essa insatisfação resultou em distúrbios violentos na Irlanda do Norte em abril, o que pode voltar a acontecer durante as tradicionais marchas de julho organizadas pelos unionistas.
Em uma entrevista à BBC, Edwin Poots declarou nesta terça-feira que recebeu garantias do governo britânico sobre a questão.
"Eles me garantiram que haverá mudanças no protocolo... que o governo britânico não vai tolerar que as coisas continuem assim", disse Poots.
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