Falmouth, Reino Unido - Do clima à pandemia, os líderes do G7 buscarão respostas comuns para as crises mundiais em sua primeira reunião de cúpula em quase dois anos nesta sexta-feira (11/6), começando pela distribuição de um bilhão de doses de vacinas contra a covid-19.
Após meses de videoconferências, os encontros presenciais retornam, com direito a várias reuniões bilaterais até domingo, uma recepção com a rainha Elizabeth II e um churrasco na praia. A reunião de cúpula inclui os chefes de Estado e de Governo da Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido na cidade de Carbis Bay, sudoeste da Inglaterra.
Esta é o primeiro encontro de cúpula do presidente americano Joe Biden, que aposta com força no multilateralismo após o mandato isolacionista de Donald Trump. Também é a primeira reunião do tipo para o italiano Mario Draghi e o japonês Yoshihide Suga. Mas a última para Angela Merkel, que deixará nos próximos meses o posto de chefe de Governo da Alemanha, que ocupa há 16 anos.
Apesar do evento presencial, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, cujo país exerce a presidência do G7, não apertará as mãos dos demais líderes: para evitar os contágios a reunião obedece restrições, que incluem testes diários de covid-19.
As medidas são necessárias no momento em que o Reino Unido, com quase 128.000 mortes provocadas pelo coronavírus, enfrenta um aumento de casos da variante Delta, o que ameaça atrasar a última fase da flexibilização das restrições.
Um bilhão de vacinas
No centro das conversas estarão a recuperação de uma economia mundial paralisada pela pandemia e uma distribuição mais equitativa das vacinas contra a covid-19 por parte dos países ricos.
Diante dos crescentes apelos por solidariedade, os líderes devem anunciar a distribuição "pelo menos um bilhão de doses", compartilhadas ou financiadas, e aumentar a capacidade de produção, com o objetivo de "acabar com a pandemia em 2022", segundo Downing Street.
"Chegou o momento para que as democracias mais importantes e as mais avançadas tecnologicamente assumam suas responsabilidades e vacinem o mundo. Porque ninguém está protegido enquanto o mundo inteiro não estiver protegido", disse Boris Johnson.
O governo dos Estados Unidos já se comprometeu a doar 500 milhões de doses da vacina da Pfizer/BioNTech a 92 países. O Reino Unido distribuirá 100 milhões de doses de excedente, principalmente por meio do programa Covax.
Mas para as ONGs isto é insuficiente e o G7 deveria aprovar a suspensão das patentes para permitir a produção em larga escala. Uma proposta apoiada por França e Estados Unidos, mas que tem a oposição da Alemanha.
"Com o atual ritmo de vacinação, os países de baixa renda demoraria 57 anos para alcançar o mesmo nível de proteção que o países do G7. Isto é moralmente inaceitável, mas também contraproducente", destacou a Oxfam.
O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu aos laboratórios farmacêuticos a doação de 10% das doses vendidas e acredita que a reunião de cúpula vai apoiar o objetivo de ter 60% dos africanos vacinados até o fim do primeiro trimestre de 2022.
De acordo com a agência Bloomberg, o G7 também solicitará uma nova investigação da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a origem do coronavírus.
"Plano Marshall" climático
A luta contra a mudança climática será outra prioridade da reunião, que promete ser neutra em carbono, antes da grande conferência da ONU sobre o clima, a COP26, prevista para novembro na Escócia.
Johnson aspira um "Plano Marshall" para ajudar os países em desenvolvimento, segundo o jornal The Times, similar ao grande financiamento americano para a reconstrução da Europa depois da Segunda Guerra Mundial.
Em maio, os ministros do Meio Ambiente do G7 se comprometeram a acabar com os subsídios públicos às centrais de energia elétrica que utilizam carvão este ano, com a promessa de "esforços ambiciosos e acelerados" para reduzir as emissões de CO2.
Mas os ecologistas, que pretendem organizar protestos nos arredores da reunião, lamentam as promessas imprecisas.
Na quinta-feira, Johnson e Biden demonstraram unidade a respeito da emergência climática e aprovaram uma nova "Carta do Atlântico" que também ressalta a necessidade de enfrentar os ciberataques.
Mas se os dois grandes aliados estão em sintonia sobre grandes temas internacionais como os desafios representados por China ou Rússia, as tensões persistem sobre a Irlanda do Norte, que está no centro de uma disputa pós-Brexit entre Londres e a União Europeia.
Biden, de ascendência irlandesa, reiterou o apoio aos compromissos comerciais assumidos entre as partes, que considera uma garantia de paz na província britânica. De acordo com a polícia local, 3.000 pessoas protestaram na quinta-feira à noite em Belfast contra as novas decisões pós-Brexit.
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