A polícia da Nicarágua anunciou a detenção na terça-feira (8/6) de quatro líderes opositores, entre eles dois aspirantes à presidência, ampliando a lista de detidos com base nas leis promulgadas durante o governo de Daniel Ortega para proteger a soberania.
Com as operações de terça-feira, agora quatro pré-candidatos à presidência estão detidos.
A última detenção, a de Juan Sebastián Chamorro García - primo de outra pré-candidata detida, Cristiana Chamorro Barrios -, aconteceu por acusações de "incitar a interferência estrangeira em assuntos internos, organizar com financiamento de potências estrangeiras para executar atos de terrorismo", entre outras, informou um comunicado da Polícia Nacional.
A detenção, com poucas horas de diferença para a do também pré-candidato Félix Maradiaga, aconteceu a cinco meses das eleições 7 de novembro e em meio a críticas da comunidade internacional, que exige a libertação imediata de todos.
O ex-diplomata Arturo Cruz foi detido no sábado (5/6) depois de retornar dos Estados Unidos.
Maradiaga e Chamorro García são investigados por atos contra a soberania, terrorismo e por celebrar sanções e atos que prejudiam a independência, incitar a interferência estrangeira nos assuntos internos e pedir intervenções militares, segundo a polícia.
As acusações estão contempladas na lei de Defesa dos Direitos do Povo e Soberania e de agentes estrangeiros, aprovada em dezembro por iniciativa do governo Ortega e que também foram usadas para a detenção de Cruz.
As operações contra opositores prosseguiram na terça-feira à noite, quando foram detidos o empresário José Aguerri e a líder da sociedade civil Violeta Granera, investigados pelas mesmas acusações que Maradiaga e Chamorro García, segundo a polícia.
Além das denúncias feitas pela polícia, a Procuradoria também investiga Maradiaga por descumprir "gravemente" e "desvirtuar" as finalidades e objetivos do Instituto de Estudos Estratégicos e Políticas Públicas (IEEPP).
Esta ONG foi encerrada no final de 2018 pelo Parlamento, junto com outras organizações críticas ao governo.
A ofensiva contra os opositores começou há uma semana contra Chamorro Barrios, que está em prisão domiciliar e não pertence a nenhum partido, mas que aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do presidente Ortega, que segundo os adversários buscará um quarto mandato sucessivo em novembro, embora ainda não tenha oficializado a candidatura.
A opositora é acusada de lavagem de dinheiro por meio da fundação que tem o nome da sua mãe, a ex-presidenta Violeta Barrios de Chamorro (1990-1997).
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, pediu a libertação de Chamorro García "e de todos os demais presos políticos".
E pediu a Managua "o fim da perseguição e da opressão da ditadura do patricida Daniel Ortega".
O Departamento de Estado americano afirmou após a detenção de Maradiaga que a prisão "arbitrária" de um terceiro opositor na Nicarágua "deve resolver qualquer dúvida remanescente sobre as credenciais de Ortega como ditador".
"A comunidade internacional não tem escolha a não ser tratá-lo como tal", afirmou no Twitter a representante da diplomacia dos Estados Unidos para as América, Julie Chung.
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