Meio Ambiente

Sri Lanka se prepara para possível derramamento de petróleo em sua costa

Governo do Sri Lanka pediu ajuda à Índia para tentar minimizar os problemas ambientais decorrentes do incidente

Agência France-Presse
postado em 03/06/2021 08:48
 (crédito: SRI LANKA AIR FORCE / AFP)
(crédito: SRI LANKA AIR FORCE / AFP)

Colombo, Sri Lanka - O Sri Lanka pediu ajuda à vizinha Índia para conter um eventual derramamento de petróleo após o naufrágio do navio cargueiro MV X-Press Pearl, devastado por um incêndio que durou 13 dias perto do principal porto de Colombo.

"Pedimos ajuda à Índia", informou à AFP um funcionário envolvido nas ações que estão sendo tomadas para tentar conter o máximo possível um desastre ecológico que já está ocorrendo e que provavelmente será agravado por um derramamento de petróleo.

A Guarda Costeira indiana participou nas operações para extinguir o incêndio que eclodiu a bordo do navio em 20 de maio, e uma de suas embarcações com equipamento especializado está no local para conter um possível derramamento de petróleo antes que alcance a costa.

Produtos dispersantes de petróleo e barreiras flutuantes estão prontos para responder imediatamente a qualquer sinal de vazamento do "MV X-Press Pearl", que começou a afundar na quarta-feira na costa oeste da ilha, disseram as autoridades.

O proprietário do navio, X-Press Feeders, disse que o cargueiro estava afundando lentamente após uma tentativa fracassada de rebocá-lo na quarta ao largo da costa do Sri Lanka.

O X-Press Feeders "pode confirmar que a parte traseira da embarcação repousa no fundo do mar a uma profundidade de cerca de 21 metros, e que a frente está afundando lentamente", declarou a empresa em comunicado nesta quinta-feira.

A Marinha do Sri Lanka informou que a proa do navio ainda estava acima da linha d'água.

Carga perigosa

"Mesmo que a proa toque o fundo do mar, ainda haverá uma parte do convés fora d'água", declarou à AFP Indika de Silva, porta-voz da Marinha.

O navio de 31.600 toneladas tem 186 metros de comprimento e 45 metros de altura.

No momento, não há sinais visíveis de vazamento das 350 toneladas de combustível contidas no navio, segundo o porta-voz.

No entanto, o risco de derramamento de petróleo e produtos tóxicos continua alto, pois o navio transportava grande quantidade de lubrificantes e 81 contêineres de "carga perigosa", incluindo 25 toneladas de ácido nítrico.

Toneladas de pequenos grânulos de plástico, destinados à indústria de embalagens, provenientes do carregamento do "MV X-Press Pearl", já cobrem cerca de 80 km da costa oeste da ilha, que sofre a pior catástrofe ecológica de sua história.

O Centro para a Justiça Ambiental (CEJ) do Sri Lanka teme uma contaminação por metais pesados e um derramamento de petróleo.

"Há uma sopa química nesta zona marítima. Os danos ao ecossistema marinho são incalculáveis", declarou à AFP o diretor do CEJ, Hemantha Withanage.

O presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, pediu na segunda-feira à Austrália ajuda para avaliar os danos ecológicos a esta ilha, que abriga uma das mais ricas biodiversidades do sul da Ásia.

Os danos ecológicos estão sendo avaliados, de acordo com a presidente da Autoridade de Proteção Ambiental Marinha, Dharshani Lahandapura, que disse se tratar do pior desastre que já viu no país.

Uma proibição de pesca foi emitida e "afeta 4.300 famílias na minha cidade", afirmou Denzil Fernando, chefe de uma associação de pescadores em Negombo.

"A maioria das pessoas vive com uma refeição por dia. O governo deve autorizar a pesca ou nos pagar uma indenização", acrescentou.

As autoridades, que abriram uma investigação criminal sobre o incêndio e a contaminação, acreditam que o incêndio foi causado por um vazamento de ácido nítrico observado pela tripulação desde 11 de maio, muito antes de o navio entrar nas águas do Sri Lanka.

Os três principais membros da tripulação, incluindo o capitão e o mecânico-chefe, ambos russos, terão que permanecer na ilha durante toda a investigação, informou a polícia. Seus passaportes foram confiscados na terça-feira por ordem de um tribunal.

Depois do Sri Lanka, o navio continuaria sua rota para a Malásia e Singapura.

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