A União Africana (UA) anunciou a suspensão do Mali com efeito imediato e ameaçou adotar sanções, após o segundo golpe de Estado militar em nove meses neste país da região do Sahel.
O golpe de Estado no Mali - país crucial para a estabilidade do Sahel ante a propagação de grupos extremistas - provocou muita preocupação na comunidade internacional.
A UA decidiu "suspender imediatamente a República do Mali de sua participação em todas as atividades da União Africana, seus órgãos e instituições, até que se restabeleça uma ordem constitucional normal no país", afirma o Conselho de Paz e Segurança (PSC) da organização no comunicado.
A decisão da UA segue a da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que também anunciou a suspensão do Mali de suas instituições.
A UA fez um apelo aos militares malineses para que "com urgência e incondicionalmente retornem a seus quartéis e se abstenham de qualquer interferência futura no processo político do Mali".
Também pediu que se estabeleçam as condições para o retorno a uma transição democrática "sem obstáculos, transparente e rápida".
"Em caso contrário, o Conselho não hesitará em impor sanções seletivas e outras medidas punitivas" contra os que impedem a transição, completa o texto.
O Mali sofreu dois golpes de Estado em nove meses.
Em 18 de agosto de 2020, o presidente Ibrahim Boubacar Keita, acusado de corrupção e de não atuar para combater a falta de segurança, foi derrubado após vários meses de manifestações contra o governo.
A UA suspendeu o país na ocasião. Mas a organização continental retirou a medida no início de outubro para não punir a população, depois que a junta se comprometeu com uma transição para um governo civil em um prazo de 18 meses.
Em 15 de abril de 2021, as autoridades de transição anunciaram eleições presidenciais e legislativas para fevereiro e março de 2022.
Em maio, no entanto, os militares, descontentes com a composição de um governo decidido após um movimento de protesto cada vez maior, prenderam o presidente, Bah Ndaw, e o primeiro-ministro, Moctar Ouane. Os dois foram levados para a base militar de Kati, perto de Bamako.
O Tribunal Constitucional declarou como chefe de Estado e presidente do governo de transição o coronel Assimi Goita, oficializando desta maneira o golpe de Estado.
Isto gerou dúvidas sobre a transição civil e a celebração de eleições em 2022.
A junta militar assegurou que vai respeitar o calendário, mas que pode estar sujeito a mudanças. O Tribunal Constitucional afirmou que Goita presidirá a transição até o fim.
Estados Unidos e França, ex-potência colonial, ameaçaram adotar sanções como resposta ao segundo golpe.
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