O ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, anunciou nesta segunda-feira (31) que acelerou a transferência para o Reino Unido do pessoal local que emprega no Afeganistão, temendo retaliação do Talibã após a próxima retirada das tropas da Otan.
"Quando retiramos nossas forças armadas, é simplesmente justo que aceleremos a realocação daqueles que podem ser vítimas de retaliação", disse Wallace em um comunicado.
O ministro prometeu "fazer tudo o possível" para "colocar em situação segura" os "tradutores e outros funcionários locais que arriscaram suas vidas trabalhando ao lado das forças britânicas no Afeganistão", e saudou a enorme "dívida" que o Reino do Reino tem com eles.
Londres, que já realocou 1.358 afegãos ao longo dos 20 anos de duração do conflito, prometeu no início de abril transferir prioritariamente qualquer funcionário local que se sinta ameaçado, trabalhe ainda ou não para o Reino Unido.
Mas milhares de profissionais preocupados e suas famílias ainda estão esperando quando as últimas forças da Otan, incluindo 750 soldados britânicos, vão se retirar do Afeganistão.
"Temos a obrigação moral de reconhecer os riscos que eles assumiram na luta contra o terrorismo e de recompensar seus esforços", insistiu a secretária do Interior britânica, Priti Patel, que prometeu "cumprir essa obrigação oferecendo-lhes a possibilidade de construir uma nova vida".
O governo britânico estima em três mil o número de tradutores que poderiam viajar para o Reino Unido com suas famílias.
O coronel aposentado Simon Diggins, membro da Aliança Sulha de intérpretes afegãos, celebrou a medida, embora tenha criticado em declaração à AFP a falta de clareza sobre a situação dos tradutores despedidos pelo exército britânico, 1.010 pessoas entre 2001 e 2014, que poderiam ser excluídas.
Dezesseis organizações - incluindo a Aliança Sulha - de países da Otan exigiram em uma carta aos aliados o fornecimento de "proteção imediata aos funcionários afegãos ameaçados e suas famílias" e expressaram sua preocupação com a aplicação concreta das medidas.
Segundo esta carta, os tradutores "temem ser abandonados, não só pela inconsistência dos critérios, mas porque devido ao agravamento da situação de segurança é impossível comparecer às entrevistas e obter os documentos a tempo".