CONVULSÃO SOCIAL

Presidente da Colômbia ordena militarização em Cali devido a protestos sangrentos

Os protestos no país já deixaram três mortos

O presidente Iván Duque determinou nesta sexta-feira (28) a mobilização de tropas militares em Cali, a terceira cidade da Colômbia, diante do caos e de protestos que deixaram ao menos três mortos durante o dia em que se lembrou um mês de uma convulsão social inédita no país.


"A partir desta noite começa a mobilização máxima de assistência militar à polícia nacional na cidade de Cali", anunciou o presidente após chefiar um conselho de segurança nesta cidade de 2,2 milhões de habitantes, onde um toque de recolher noturno entrou em vigor.


Pelo menos três pessoas morreram nas manifestações em Cali, incluindo um investigador da promotoria que disparou contra uma concentração "causando a morte de alguns civis", segundo a instituição. O homem, que estava de folga, foi pego em um bloqueio e acabou linchado pelos manifestantes.


"Essa mobilização quase triplicará nossa capacidade em 24 horas", disse o presidente.


Em um mês de levante popular, foram registradas 49 mortes, segundo a contagem oficial. A promotoria estabeleceu que pelo menos 17 dos casos estão diretamente relacionados com as manifestações, mas a ONG Human Rights Watch afirma ter "denúncias credíveis" sobre 63 mortes, 28 relacionadas com a crise.


A eclosão começou quando o governo quis impor mais impostos à classe média, atingida pela pandemia, para preencher a lacuna fiscal deixada pela emergência econômica.


Duque desistiu da proposta, mas a repressão policial aumentou os ânimos. Atualmente as ruas estão cheias de jovens sem trabalho e sem educação que pedem um Estado mais solidário diante da devastação causada pela covid-19.


Cali foi o epicentro das manifestações. Os bloqueios que atingem esta e outras cidades dividem o governo e as principais lideranças do protesto, que conversam há duas semanas sem chegar a um acordo.


Representantes do governo exigem a suspensão dos bloqueios, enquanto a chamada Comissão Nacional de Greve defende os "pontos de resistência" como forma de protesto e pede ao presidente que peça desculpa pelos excessos das forças de segurança.


Em meio às tensões, o Comitê convocou uma manifestação nesta sexta-feira para celebrar o primeiro mês de protestos no país.