O papa Francisco ordenou uma investigação sobre a forma como foram tratados os casos de abuso sexual de menores na diocese de Colônia, a maior da Alemanha, há meses abalada por um escândalo - anunciaram fontes da Igreja nesta sexta-feira (28).
O papa nomeou dois "visitantes apostólicos", enviados extraordinários da Igreja, encarregados de "avaliar a complexa situação pastoral criada na arquidiocese e estudar, paralelamente, o possível cometimento de faltas" por parte do cardeal Rainer-Maria Woelki e outros prelados, especificaram fontes da diocese.
O papa recorre a essas medidas quando considera que uma diocese não consegue mais resolver um problema de maneira interna.
Os dois enviados, os bispos de Estocolmo, Anders Arborelius, e de Roterdã, Johannes van den Hende, farão suas investigações nas duas primeiras semanas de junho.
Este anúncio coincide com as crescentes críticas ao cardeal Woelki, acusado de acobertar, durante muito tempo, dois padres da comunidade religiosa de Düsseldorf, suspeitos de abuso sexual. Um deles já faleceu.
Conhecido por ser um religioso muito conservador, o monsenhor Woelki se recusou, no ano passado, a publicar um relatório sobre abuso sexual em sua diocese, o qual ele mesmo havia encomendado. Alegou que dados e informações nele contidos deveriam ser protegidos.
A decisão irritou as vítimas, fez muitos fiéis abandonarm a diocese e gerou mal-estar dentro do clero.
O cardeal encomendou um segundo relatório, publicado em março. Segundo este novo documento, 314 menores, a maioria meninos com menos de 14 anos, sofreram violência sexual entre 1975 e 2018 na diocese. Os abusos foram cometidos, principalmente, por membros do clero.
Suspeitos de terem acobertado os crimes e de terem tratado os casos com negligência quando estes chegaram às suas mãos, alguns religiosos foram suspensos de suas funções. Neste relatório, não há acusações contra o monsenhor, mas isso não amenizado as críticas contra ele.