Terrorismo

Justiça espanhola condena acusados por atentados de 2017 à prisão

Mohamed Houli Chemlal e Driss Oukabir, julgados por pertencerem a esta célula, foram condenados a 53 anos e meio e 46 anos, respectivamente, enquanto o Ministério Público havia solicitado 41 e 36 anos contra eles

Madri, Espanha — Três homens acusados de pertencerem a uma célula terrorista islâmica que realizou um duplo atentado com 16 mortos na Catalunha (nordeste da Espanha) em 2017, ou de terem sido cúmplices, foram condenados nesta quinta-feira (27) a penas de 8 a 53 anos de prisão.

Mohamed Houli Chemlal e Driss Oukabir, julgados por pertencerem a esta célula, foram condenados a 53 anos e meio e 46 anos, respectivamente, enquanto o Ministério Público havia solicitado 41 e 36 anos contra eles.

Em sua declaração, a Audiência Nacional, responsável em particular pelos casos de terrorismo, considerou, no entanto, que a pena efetiva "não ultrapassaria os 20 anos".

O tribunal acompanhou o MP contra Said Ben Iazza, condenado a 8 anos de prisão por ter emprestado um veículo e documentos aos terroristas.

O primeiro ataque ocorreu em 17 de agosto na famosa avenida Las Ramblas, em Barcelona, onde uma van atropelou os transeuntes, matando 14 pessoas, a maioria turistas estrangeiros.

Em sua fuga, o motorista assassinou outra pessoa para roubar seu carro.

Poucas horas depois do massacre em Las Ramblas, cinco outros membros da célula realizaram o segundo ataque à beira-mar, na pequena estância litorânea de Cambrils, 100 quilômetros mais ao sul. Atropelaram várias pessoas com um veículo, antes de esfaquearem fatalmente uma mulher.

Os seis autores destes dois atentados, que foram reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI), todos marroquinos, foram mortos pela polícia.

Outros alvos

A Audiência Nacional ouviu mais de 200 testemunhas entre novembro de 2020 a fevereiro de 2021.

Durante a investigação, Mohamed Houli Chemlal, o principal acusado, explicou à polícia que o plano inicial da célula era lançar ataques contra locais famosos, mencionando a Basílica da Sagrada Família, em Barcelona.

Os planos da célula foram comprometidos pela explosão acidental de seu esconderijo em Alcanar, 200 quilômetros ao sul de Barcelona, onde os extremistas estavam fabricando explosivos.

A explosão, que feriu Chemlal, precipitou a passagem do grupo ao ato. Segundo a acusação, eles haviam sido doutrinados pelo imã marroquino Abdelbaki Es Satty, de 44 anos.

Um dos testemunhos mais comoventes do julgamento foi o de Javier Martínez, cujo filho de 3 anos morreu em Las Ramblas.

"Todos os sentimentos que se tem de continuar a viver, de lutar, foram despedaçados no chão" de Las Ramblas, disse ele no tribunal.

A Espanha foi atingida em 11 de março de 2004 pelo ataque extremista islâmico mais sangrento da Europa, quando dispositivos explodiram a bordo de quatro trens na estação Atocha de Madri. O atentado deixou 191 mortos e cerca de 2.000 feridos.

O país não sofreu nenhum novo ataque desde os de 2017 na Catalunha, mas muitos especialistas acreditam que a Espanha ainda se encontre sob ameaça de segmentos radicais do Islã.

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