Um tribunal da Guatemala autorizou na terça-feira (25/5) a extradição para os Estados Unidos de um filho do ex-presidente do Panamá Ricardo Martinelli (2009-2014), detido desde julho de 2020 neste país por suposta lavagem de dinheiro no caso Odebrecht, informou o Ministério Público local.
“Atendendo à solicitação da Unidade de Assuntos Internacionais do Ministério Público, a Quinta Vara Criminal notificou que foi autorizada a extradição formal de Luis Enrique Martinelli Linares”, publicou o Ministério Público no Twitter.
Luis Enrique, de 39 anos, é acusado “por sua possível participação nas acusações de conspiração para cometer lavagem de dinheiro, envolvendo uma atividade ilegal específica”.
Ele está preso desde 6 de julho do ano passado na Guatemala junto com seu irmão Ricardo Alberto, de 41 anos, ambos procurados pela justiça norte-americana, que os acusa de lavagem de dinheiro relacionada ao caso Odebrecht.
Ricardo Alberto teve a extradição suspensa devido ao fato de seu caso ser responsabilidade de outro tribunal, que precisa resolver "uma apelação", explicou uma fonte do Ministério Público à AFP.
Os irmãos Martinelli foram presos no aeroporto internacional da Cidade da Guatemala quando tentaram embarcar em um voo humanitário privado para seu país devido à pandemia de covid-19.
"Os dois réus teriam participado" do plano da construtora brasileira Odebrecht, que pagou "mais de 700 milhões de dólares em propina a funcionários de governos na América Latina", revelou o Departamento de Justiça dos Estados Unidos na ocasião. No Panamá, os pagamentos seriam de 59 milhões de dólares.
Dias depois da prisão, o Parlamento Centro-Americano, órgão de integração regional com sede na Guatemala, não permitiu a tomada de posse dos irmãos Martinelli como deputados suplentes, após suspeitas de que eles estavam tentando se valer da imunidade parlamentar para evitar uma extradição.
“Sem iniciar audiências para debater o assunto, o Tribunal da Guatemala declarou cabível a extradição de meu filho Luis Enrique Martinelli. Essas violações ocorrem porque o Ministério das Relações Exteriores do Panamá não está cumprindo a obrigação que lhe é imposta pelo artigo 17 da Constituição [que fala da proteção de seus cidadãos]", escreveu o ex-presidente Martinelli no Twitter nesta terça-feira.
O ex-mandatário também enfrenta acusações por envolvimento na rede de corrupção da Odebrecht, entre outras denúncias.
Martinelli pai foi extraditado dos Estados Unidos para o Panamá em junho de 2018 para enfrentar acusações por um caso de escuta telefônica ilegal durante seu governo.
Em liberdade, ele registrou um novo partido político e expressou sua intenção de se candidatar às eleições presidenciais em 2024.