Reunidos em Bruxelas, os líderes da União Europeia endossaram, nesta terça-feira (25/5), o certificado sanitário que deve permitir a reabertura das fronteiras e continuam as difíceis negociações sobre o plano de ação climática.
Na segunda-feira (24/5), o primeiro dia de cúpula, os chefes de Estado e de Governo da UE concordaram sobre um novo conjunto de sanções contra Belarus por ter desviado um avião europeu que transportava um jornalista da oposição.
Preocupados com coordenar a reabertura gradual de suas fronteiras com a aproximação do verão (inverno no Brasil), com o avanço das campanhas de vacinação, os 27 apoiaram nesta terça a elaboração de um "certificado digital europeu covid", pedindo seu "rápido estabelecimento", segundo conclusões divulgadas.
Na semana passada, eurodeputados e Estados-membros concordaram com a adoção deste passe comum, destinado a facilitar as viagens dentro da UE a partir de 1º de julho. O documento atestará que uma pessoa foi vacinada contra a covid-19, que seu teste deu negativo, ou que ficou imune após contrair a doença.
Os 27 também concordaram em permitir a entrada no bloco de viajantes de países terceiros que tenham recebido as doses necessárias das vacinas anticovid aprovadas pelos europeus.
"O atestado de saúde é particularmente importante para relançar nossa economia, com a livre-circulação de trabalhadores, mas também de turistas neste verão", afirmou o primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic, cujo país é muito dependente do turismo.
Alguns Estados querem, porém, reservar-se o direito de impor certas medidas aos titulares desses certificados, como quarentenas, em face do surgimento de variantes, por exemplo.
"Tudo depende da situação de saúde em seu país e do viajante. Será complexo", admitiu à AFP o ministro irlandês para Assuntos Europeus, Thomas Byrne.
Cerca de 170 milhões de pessoas na UE (ou 46% da população adulta) terão sido vacinadas até 30 de maio, de acordo com a Comissão Europeia, que prevê uma taxa de 70% até o final de julho.
"Cada um deve fazer sua parte"
Os líderes também apresentam suas posições sobre o futuro plano de ação climática que a Comissão irá propor em meados de julho, visando a alcançar a neutralidade de carbono no continente até 2050.
Em dezembro passado, os 27 concordaram em reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa na UE em, pelo menos, 55% até 2030, em comparação com 1990.
As conclusões da cúpula devem permanecer "concisas e gerais", por falta de estudos de impacto, "mas este debate mostrará à Comissão a posição dos Estados" em relação ao sistema que divide os esforços de redução de emissões entre os países, ressaltou um diplomata.
Este sistema inclui setores (como o de transportes, construção, agricultura e gestão de resíduos) atualmente excluídos do mercado de direitos de emissão de carbono (ETS), que permanece reservado para empresas de energia e industriais.
"A Áustria apoia metas ambiciosas, mas queremos que cada Estado faça sua parte", observou o chanceler austríaco, Sebastian Kurz.
Em relação à redução de emissões, "este é um jogo de soma zero, pois um determinado esforço deve ser compartilhado entre nós", comentou um diplomata.
A imposição de direitos de emissão, ou de novas restrições ao transporte rodoviário e aéreo, ou mesmo ao frete marítimo, "são questões altamente sensíveis, e não podemos ter um acordo escrito sobre isso antes que a Comissão apresente suas propostas", defendeu outro diplomata.