Terminou sem acordo uma reunião entre o presidente da Colômbia, Iván Duque, e o Comitê Nacional de Greve, ocorrida ontem na Casa de Nariño, a sede do governo. De acordo com o jornal El Tiempo, uma nova paralisação nacional foi marcada para amanhã. Segundo os manifestantes, “não houve empatia por parte do governo”. “Não houve acordo. Não mostraram empatia com as vítimas”, advertiu o comitê, ao fim do encontro, o qual também contou com a participação da Organização das Nações Unidas (ONU), da Igreja Católica e do Alto Comissariado para a Paz.
O Comitê Nacional de Greve expôs a Duque uma lista de exigências: o fim da violência contra pessoas no exercício legítimo de protesto; o fortalecimento de uma campanha em massa de vacinação; o aumento da renda básica para o valor igual ou superior a um salário mínimo mensal; a defesa da produção nacional (agropecuária, industrial, artesã e agrícola); o fim das privatizações e da discriminação de gênero, de diversidade sexual e étnica; e a gratuidade da matrícula escolar.
“Nós nos reunimos com o Comitê Nacional de Greve, a quem reiteramos nossa vontade de desenhar acordos e soluções em benefício do país e que consigamos, em consenso, respostas rápidas e necessárias para o benefício dos colombianos”, afirmou Duque, por meio das redes sociais.
Pressão
O presidente colombiano tem sido alvo de críticas pela condução da crise política. Ele enfrenta a pressão de protestos convocados por sindicatos, transportadores e indígenas, entre outros setores, que exigem uma mudança de rumo em seu governo e “a desmilitarização de campos e cidades”. Durante os protestos contra o governo, 27 pessoas morreram e mais de mil ficaram feridas. A organização não governamental Temblores, que analisa supostos casos de abuso de autoridade, relata 47 mortos.
No domingo, pelo menos nove indígenas do sudoeste da Colômbia foram baleados, durante manifestação na cidade de Cali, epicentro da crise. A caravana foi atacada por “policiais e civis armados juntos”, denunciou o Conselho Regional Indígena do Cauca (CRIC), em um comunicado. De acordo com a autoridade de saúde local, três dos feridos têm “lesões graves”.