As imagens de festas de rua com pessoas sem máscaras ou distanciamento social depois do fim do estado de alarme causaram espanto na Espanha, cujo governo lançou um apelo por "responsabilidade" nesta segunda-feira (10).
"O fim do direito de exceção não significa o fim das restrições", alertou o ministro da Justiça, Juan Carlos Campo, em artigo do jornal El País.
"As autoridades devem continuar agindo e o público deve se comportar com responsabilidade", acrescentou Campo.
O presidente do governo, o socialista Pedro Sánchez, pediu "para não baixar a guarda" a partir da Grécia, onde se encontrava em visita.
"É verdade que a vacinação vai muito bem, com resultados muito positivos", quando 28% da população recebeu ao menos uma dose e 13% as duas doses, mas "o vírus continua circulando e por isso temos que preservar todos medidas de segurança", lembrou Sánchez.
Após meio ano de toque de recolher e da proibição de mobilidade entre regiões protegidas pelo estado de alarme decretado no final de outubro, os espanhóis recuperaram algumas liberdades no domingo, quando terminou este regime de emergência.
Na capa de vários jornais espanhóis, as imagens de cidadãos celebrando e bebendo nas ruas de Madri ou Barcelona, em muitos casos sem máscara ou distanciamento seguro, causaram impacto na Espanha.
"Liberdade não consiste em fazer 'botellones' (encontros de jovens para beber álcool ao ar livre)", alertou o prefeito de Madri, José Luis Martínez Almeida, do Partido Popular (PP, direita).
Oposição aponta para Sánchez
A oposição de direita, embora muito permissiva na região de Madri, onde governa e mantém bares e restaurantes abertos desde junho de 2020, imediatamente apontou o nome de Pedro Sánchez diante dessa responsabilidade.
"O único responsável pelas aglomerações é Sánchez", denunciou nesta segunda-feira o líder do PP, Pablo Casado, acusando o governo de não ter elaborado um plano para lidar com a crise de saúde depois do término do estado de alarme.
"Faltou previsão ao governo central mais uma vez", avaliou por sua vez o presidente regional da Andaluzia, Juan Manuel Moreno, do PP, que exigia "instrumentos suficientes" e "coordenação" com as regiões, responsáveis pelo gerenciamento da saúde no país descentralizado.
Na região de Madri, área do PP, o governo regional culpa o comportamento de uma minoria.
"Não podemos prender 7 milhões de habitantes por causa de algumas centenas de jovens", ressaltou Enrique López, chefe de Justiça do executivo regional.
Justificando sua ação, o governo assegurou, a partir do seu ministro da Justiça, que a legislação oferece mecanismos "adequados à fase da pandemia em que nos encontramos".
As regiões podem limitar o horário ou a lotação de bares, restaurantes e lojas, mas para aplicar medidas que afetem direitos fundamentais - como toque de recolher ou segurança perimetral - devem solicitar autorização judicial.
A Suprema Corte estabelecerá "essa pauta comum a todo o país", informou o ministro da Justiça, acrescentando que o governo está disposto a estudar "mudanças legais adicionais" se esse tribunal recomendar.