Pelo menos nove indígenas do sudoeste da Colômbia foram baleados no domingo (9/5), em um protesto na cidade de Cali, epicentro das manifestações que abalam o país há 12 dias.
A caravana foi atacada por "policiais e civis armados juntos", denunciou o Conselho Regional Indígena do Cauca (CRIC), em um comunicado.
De acordo com a autoridade de saúde local, três dos feridos têm "ferimentos graves".
Em uma nota à imprensa, a Polícia assegurou que os agentes estavam na região, atendendo "ao pedido de auxílio da comunidade (...) que estavam sendo atacados por um grupo de indígenas". O texto disse ainda que os nativos haviam ferido quatro pessoas "com objetos cortantes", além de incinerar e "vandalizar" vários veículos.
Em um comunicado divulgado pela sede do governo, o presidente Iván Duque se dirigiu aos indígenas: "Para evitar confrontos desnecessários, quero pedir aos senhores do CRIC que retornem" ao departamento vizinho de Cauca.
Em uma segunda intervenção, ele ordenou ao seu ministro da Defesa, Diego Molano, "que garanta hoje a maior mobilização (...) da nossa força pública" em Cali.
O presidente conservador enfrenta a pressão de protestos convocados por sindicatos, transportadores e indígenas, entre outros setores, que exigem uma mudança de rumo em seu governo e "a desmilitarização de campos e cidades".
A crise explodiu em 28 de abril, como resultado de uma reforma tributária, na qual o governo já recuou. Desde então, as manifestações têm sido reprimidas com violência. Em Bogotá e Cali, por exemplo, o Exército passou a patrulhar as ruas.
De acordo com as autoridades, pelo menos 27 pessoas morreram durante os protestos (a maioria por disparos), e três policiais foram baleados. Já a ONG Temblores, que analisa supostos casos de abuso de autoridade, relata 47 mortos.
Nesta segunda-feira (10/5), o presidente pretende se reunir com o Comitê de Desemprego, que congrega vários dos setores que fazem parte dos protestos. Entre outros pontos, eles exigem uma reforma da polícia, uma renda básica de US$ 250 para os mais pobres e a suspensão da anunciada fumigação aérea com glifosato nas plantações de drogas.