Se a Europa parece respirar, a covid-19 continua provocando estragos na Índia, que registra 19,9 milhões de casos e quase 219.000 mortes desde o início da pandemia. Um balanço per capita elevado para este país de mais de 1,3 bilhão de habitantes, mas inferior ao do Brasil, ou dos Estados Unidos. No domingo, o partido nacionalista hindu, do primeiro-ministro, Narendra Modi, o Bharatiya Janata Party (BJP), foi derrotado nas urnas de Bengala ocidental — um estado-chave de 90 milhões de habitantes —, em eleições regionais muito disputadas e marcadas pela violência.
Os resultados colocam o adversário Trinamool Congress (TMC), de Mamata Banerjee, na via de um terceiro mandato. Milhares de partidários do TMC foram às ruas, apesar da proibição devido à explosão de contágios do coronavírus. “Esta vitória salvou a humanidade, o povo indiano. É a vitória da Índia”, disse Banerjee, crítica de Modi, acusado por muitos de negacionismo e ingerência da pandemia.
Modi e seu colaborador próximo Amit Shah realizaram uma intensa campanha para tentar arrebatar o poder de Banerjee, que chefia o estado desde 2011, organizando dezenas de comícios — às vezes com centenas de milhares de pessoas. Os eventos políticos foram parcialmente acusados de contribuir para novos casos da covid-19.
Nas últimas 24 horas, a Índia registrou mais 370 mil contágios e 3.400 mortes, enquanto a ajuda internacional prometida por mais de 40 países continua chegando. A imprensa informou que 24 pessoas morreram, no domingo à noite, por suposta falta de oxigênio em um hospital do estado de Karnataka, perto de Bangalore (sul). Na véspera, 12 pessoas tinham falecido em um hospital que ficou sem reservas de oxigênio, na capital, Nova Délhi.
A Suprema Corte indiana pressionou Narendra Modi, ao ordenar, no domingo, que o governo abasteça Délhi com reservas de oxigênio até zero hora de ontem (15h30 em Brasília).