Com os hospitais à beira de um colapso, aplicativos criados por venezuelanos para auxiliar na batalha contra a covid-19 surgem entre a crise econômica e uma segunda onda virulenta de infecções.
É um desafio para o desastre da Venezuela, com oito anos de recessão e serviços públicos colapsados, incluindo a internet.
De acordo com o índice global Speedtest, o país tem uma das menores larguras de banda fixas do continente, superando apenas Cuba e Haiti, e ocupa a 139ª posição entre 176 países.
Docti.App para emergências
A quatro horas de Caracas, no estado de Anzoátegui, Wilmer Toyo desenvolveu o Docti.App, um diretório de serviços como farmácias, traslados emergenciais e aluguel de cilindros de oxigênio.
“Essas informações são super dispersas”, por isso a ideia é centralizá-las “em um único aplicativo”, diz o programador web de 30 anos.
O aplicativo exibe uma lista filtrável de estabelecimentos com seus respectivos números em quatro estados, embora pretenda completar o restante do país.
“Em tempos de emergência, o que você quer é resolver rapidamente (...), o aplicativo é ótimo porque economiza tempo”, diz María Ramos, 30 anos, engenheira química de Puerto La Cruz, Anzoátegui. "Você clica nas farmácias, por exemplo, e manda para a função de chamada e pronto".
Javenda, hospitais a um 'clique'
José Miguel Avendaño navega em um mapa da Venezuela exibido, com pontos coloridos, em um dos dois monitores conectados ao seu PC. Ele aumenta o zoom até chegar a La Candelaria, a área central onde mora em Caracas, clica em um ponto vermelho e abre uma caixa com informações sobre um hospital próximo.
E por último, explica Avendaño, "existe o Google Maps", que mostra a rota mais eficiente.
Javenda, seu aplicativo, é um diretório interativo que conecta seus usuários ao Google Maps para chegar rapidamente a centros de saúde lotados.
O especialista coletou dados oficiais e privados de 1.020 centros de saúde e os colocou em um mapa que pode ser acessado por meio de um link. Ele levou três dias para desenvolver.
Ele espera alimentar o mapa com dados de terceiros, como Daniel Torres, um programador, que lhe deu informações sobre os postos de saúde do estado de Carabobo (norte), onde mora.
“Por que não podemos colaborar em uma iniciativa como essa? (...). Acho que é uma boa forma de contrariar o avanço da covid-19”, diz.
Seguros com Nezha
Com seu celular, Rebeca Paredes escaneia um código QR e uma flor de lótus aparece com a palavra Nezha.
É a logomarca de um protótipo de app sobre medidas de biossegurança e segurança industrial que Rebeca desenvolveu com a sócia Wanda Tremont, ambas de 16 anos, motivadas por um concurso global para jovens.
Foi pensado “para ver a segurança que os estabelecimentos têm (...) quais as medidas e quais os padrões que estão respeitando: o que permite, qual a sua capacidade, as suas dimensões espaciais (...), saídas de emergência”, enumera Rebeca.
"Às vezes você sai e quem te vende fica com a máscara no queixo. São coisas que a gente pensa: (...) Seria mesmo seguro comprar aqui?", questionou Rebeca.
Rebeca e Wanda pretendem obter financiamento externo e alianças estatais para promover o seu projeto, que esperam estar disponível para download através da PlayStore.
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