Covid-19

Campanha misteriosa tenta desacreditar vacina da Pfizer na França

Os franceses são, em sua maioria, a favor da vacinação e "não acho que qualquer tentativa de impedi-los de tomar as vacinas funcionará"

Agência France-Presse
postado em 25/05/2021 17:52
 (crédito: Philippe LOPEZ / AFP)
(crédito: Philippe LOPEZ / AFP)

Paris, França — A imprensa francesa e as redes sociais estavam frenéticas, nesta terça-feira (25), com especulações sobre uma misteriosa campanha dirigida a influenciadores e personalidades do YouTube pedindo-lhes para publicamente desacreditar a vacina Pfizer/BioNTech para a covid-19 em troca de pagamento.

Os alvos da campanha, que são ativos nas áreas de saúde e ciências, disseram ter recebido um e-mail de uma agência de comunicação aparentemente sediada no Reino Unido oferecendo-lhes "uma parceria" em nome de um cliente com "um orçamento colossal", mas que queria permanecer anônimo e também manter qualquer negociação em segredo.

"Estranho. Recebi uma proposta de parceria que consiste em falar mal da vacina da Pfizer em um vídeo", tuitou Leo Grasset, que mantém um popular canal de ciência com quase 1,2 milhão de assinantes no YouTube.

"Orçamento colossal, o cliente quer permanecer anônimo e eu teria que esconder o pagamento".

Ele acrescentou: "Incrível. O endereço da agência de Londres que me contatou é falso. Eles nunca estiveram presentes lá, é um centro de cirurgia a laser. Todos os funcionários têm perfis estranhos no LinkedIn".

Os perfis que ele encontrou agora desapareceram, mas não antes de ele notar que "todos trabalhavam na Rússia".

Sami Ouladitto, um comediante com quase 400.000 assinantes, relatou uma abordagem semelhante, assim como o usuário "Et Ca Se Dit Medecin", um estagiário de hospital com 84.000 seguidores no Instagram.

"Isso é patético, é perigoso, é irresponsável e não vai funcionar", informou o ministro da Saúde francês, Olivier Veran, ao canal BFMTV nesta terça-feira.

Os franceses são, em sua maioria, a favor da vacinação e "não acho que qualquer tentativa de impedi-los de tomar as vacinas funcionará", acrescentou.

Veran afirmou que "não tinha ideia" se a suposta oferta se originou na Rússia.

Ligação com as Ilhas Virgens?

Os autores dos e-mails, alegando ser uma agência com sede em Londres chamada Fazze, são difíceis de ser rastreados, informou a imprensa francesa.

O jornal Le Monde afirmou que a Fazze nunca foi registrada no Reino Unido, mas pode ter uma presença legal nas Ilhas Virgens.

Porém, de acordo com o perfil do CEO da Fazze no LinkedIn, agora excluído, a agência opera fora de Moscou, publicou o Le Monde.

De acordo com tuítes de pessoas que afirmam ter conhecimento do assunto, a agência ofereceu 2.000 euros para influenciadores em troca de que eles fossem a público falar que a vacina Pfizer-BioNTech causou mais mortes do que qualquer outra vacina.

A vacina, normalmente referida na França apenas como Pfizer, ganhou popularidade depois que a vacina rival sueco-britânica AstraZeneca caiu em desgraça em grande parte da União Europeia por causa de advertências em relação à saúde e atrasos nas entregas.

O executivo da UE está processando a AstraZeneca para forçá-la a entregar mais 90 milhões de doses de sua vacina anticovid antes de julho.

A ação legal aumenta a pressão sobre a empresa depois que uma ligação foi feita entre sua vacina e coágulos sanguíneos muito raros, mas muitas vezes fatais, juntamente a baixos níveis de plaquetas.

A UE também autorizou o uso de outras duas vacinas, Moderna e Johnson & Johnson.

Mas a vacina russa Sputnik - assim como a chinesa Sinopharm - ainda não foram liberadas para uso dentro do bloco.

Após um início lento, o lançamento da campanha de vacinação contra o coronavírus na França ganhou ritmo nas últimas semanas, com cerca de 23 milhões de pessoas - um terço da população - vacinada com ao menos uma dose até agora.


Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação