As autoridades iranianas autorizaram as candidaturas de cinco conservadores e de dois reformistas para a eleição presidencial prevista para junho, uma decisão que gerou polêmica pela desqualificação de três candidaturas de peso, entre elas a do ex-presidente Mahmud Ahmadinejad.
Cerca de 24 horas antes do previsto, o Ministério iraniano do Interior publicou a lista de candidatos autorizados a se apresentarem ao primeiro turno, em 18 de junho, das eleições para escolher o sucessor do atual presidente, o moderado Hassan Rohani.
A eleição dos candidatos validados por parte do Conselho de Guardiães da Constituição parece abrir caminho para a vitória do chefe da Autoridade Judicial, o ultraconservador Ebrahim Raisi, que obteve 38% dos votos em 2017.
Este órgão rejeitou novamente a candidatura do populista Ahmadinejad e, contra todas as previsões, as do vice-presidente Eshaq Yahanguiri (reformista) e do ex-chefe do Parlamento Ali Larijani (conservador), atual conselheiro do guia supremo Ali Khamenei.
Embora os candidatos rejeitados possam recorrer da decisão até meia-noite desta terça-feira (25/5), Larijani já publicou no Twitter um comunicado, no qual se declara satisfeito com a "decisão de Deus".
Segundo a lista do Ministério do Interior publicada pela agência oficial de notícias Irna, os dois candidatos reformistas autorizados são Abdolnaser Hemmati, presidente do Banco Central, e o ex-vice-presidente Mohsen Mehralizadeh.
Além de Raisi, os ultraconservadores que disputarão a presidência são Said Yalili, ex-secretário-geral do Conselho Supremo de Segurança Nacional, e Mohsen Rezai, ex-comandante-chefe dos Guardiães da Revolução, assim como os deputados Alireza Zakani e Amirhossein Ghazizadeh-Hashemi.
No total, quase 600 pessoas apresentaram sua candidatura à eleição presidencial.
72,5% para Raisi
A agência de notícias Fars, próxima aos ultraconservadores, já anunciou pela manhã a rejeição das candidaturas de Ahmadinejad, Yahanguiri e Larijani, e também publicou a "lista oficial" dos sete autorizados.
A agência considerou que a decisão do Conselho dos Guardiães da Constituição "não sacrificou a lei pelo oportunismo e que, em seu processo de seleção, enfatizou os antecedentes das pessoas, independentemente de seu cargo".
A decisão deste órgão, que controla o processo eleitoral, gerou, no entanto, uma intensa polêmica.
"Nunca vi tantas críticas, da extrema direita à extrema esquerda [do espectro político iraniano], ao Conselho de Guardiães por desqualificar, ou oprimir, esse, ou aquele", tuitou o jornalista reformista Mostafa Faghihi.
Reforçando a ideia de alguns de que o resultado da eleição já é conhecido de antemão, Fars publicou nesta terça o resultado de uma pesquisa realizada por um instituto "famoso", que dá 72,5% das intenções de voto para Raisi.
Apesar de registrar uma clara decepção da sociedade, a mesma pesquisa projeta uma participação de 53%, acima do observado nas legislativas de 2020, quando a abstenção superou os 57%.
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