Genebra, Suíça - Dezenas de países revisaram uma proposta feita à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre isenção de patentes para equipamentos médicos imprescindíveis para combater a covid, insistindo que devem ser ampliadas para além das vacinas, destacaram as ONGs neste sábado (22).
Mais de 60 países apresentaram uma revisão de seu texto à OMC sobre como conseguir isenções sobre a proteção de propriedade intelectual para as vacinas anticovid e outros equipamentos médicos enquanto a pandemia continuar, segundo as ONGs Médicos Sem Fronteiras (MSF) e Knowledge Ecology International (KEI).
A KEI publicou o que afirmou que é o texto revisado, no qual pressiona para que essas isenções sejam ampliadas e duradouras.
Até o momento, a OMC não confirmou a autenticidade do documento.
Este texto aponta que as isenções devem cobrir todos os equipamentos médicos de "prevenção, tratamento e contenção" necessários para combater a covid.
Além das vacinas, devem incluir os tratamentos, diagnósticos, equipamentos médicos e de proteção, assim como os materiais necessários para fabricá-los, diz o texto.
Também destaca que as isenções deveriam durar "pelo menos três anos" a partir da data de entrada em vigor, período após o qual o Conselho Geral da OMC determinará se devem ser interrompidas ou pemanecer.
- "Aumento assustador" -
"Estamos felizes em comprovar que aqueles governos que promovem a proposta de isenções à propriedade intelectual, reafirmam que elas têm como objetivo eliminar as barreiras de monopólio para todos os equipamentos médicos (...) necessários para combater a pandemia" de covid, afirma em um comunicado a diretora de MSF para o sul da Ásia, Leena Manghaney.
"Com um aumento assustador de casos e mortes nos países em desenvolvimento, e com tratamentos potencialmente promissores em progresso, é crucial que os governos contem com toda a flexibilidade à sua disposição para enfrentar a pandemia", acrescentou.
Desde outubro passado, a OMC enfrenta pedidos da Índia e África do Sul para a eliminação temporária dessas proteções à propriedade intelectual desses materiais que, segundo seus defensores, impulsionaria a produção em países em desenvolvimento e superaria a dramática desigualdade no acesso aos bens.
Esta ideia colidiu durante muito tempo com uma forte oposição dos gigantes da indústria farmacêutica e seus países de origem, que alegaram que as patentes não eram o principal obstáculo para aumentar a produção, alertando que esta medida poderia obstruir a inovação.
Esta posição pareceu mudar no início do mês, quando Washington manifestou seu apoio a uma isenção de patentes para as vacinas em nível mundial. Outros países, antes relutantes, expressaram estarem abertos a discutir a questão.
O Parlamento Europeu votou nesta semana por uma pequena margem pedir a Bruxelas para apoiar esta proposta.
No entanto, os observadores dizem que as ambições de isenções parecem diferir significativamente entre os apoiadores de sempre e os que agora se aproximam desta ideia, que parecem focar concretamente nas vacinas.
Devido ao ritmo da OMC para a tomada de decisões, geralmente lento com acordos que exigem o consenso dos 164 Estados-membros, isso poderia levar tempo.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.