A Justiça russa adiou, nesta segunda-feira (17/5), o julgamento que decidirá sobre a classificação de "extremistas" às organizações do opositor do Kremlin Alexei Navalny, que está preso.
Segundo seus partidários, o objetivo deste processo é silenciar tornar seu movimento ilegal.
Após apenas uma hora de audiência, o tribunal municipal de Moscou adiou o julgamento para 9 de junho. A sessão de hoje transcorreu a portas fechadas.
De acordo com a equipe de advogados "Komanda 29", que defende estas organizações, o Ministério Público apresentou novas provas, que exigiam o adiamento.
A primeira audiência estava prevista para um dia antes da primeira leitura na Duma, a Câmara baixa do Parlamento, de um projeto de lei para proibir que pessoas envolvidas em organizações classificadas como "extremistas" sejam eleitas para esta Casa.
O texto foi elaborado às vésperas das eleições legislativas de setembro, das quais partidários de Navalny pretendiam participar. O principal opositor do Kremlin hoje está preso e inelegível desde janeiro.
Em meados de abril, a Promotoria russa solicitou a classificação de várias organizações ligadas a Navalny como "extremistas". A medida pode acarretar duras penas de prisão para colaboradores e apoiadores do opositor de Vladimir Putin.
Navalny está preso, cumprindo pena de dois anos e meio de prisão, em um caso de fraude de 2014. Ele alega que está detido por motivação política.
A ação da Promotoria mira no Fundo de Luta contra a Corrupção de Navalny (FBK) - conhecido por suas investigações sobre o estilo de vida e as malversações das elites russas -, assim como os escritórios regionais do opositor, que cuidam da organização de manifestações de apoio, ou de atividades pré-eleitorais.
Os escritórios regionais anunciaram sua autodissolução no mês passado, após serem incluídos em abril em uma lista de organizações "extremistas e terroristas" por parte do serviço russo de Inteligência financeira. Esta lista inclui os grupos jihadistas Al-Qaeda e Estado Islâmico (EI).
Segundo a Promotoria, as organizações de Navalny querem "criar as condições de desestabilização da situação social e sociopolítica" na Rússia, sob o manto de "slogans liberais".
Os escritórios dos movimentos opositores e as casas de seus colaboradores têm sido alvo de inúmeras operações de busca e apreensão nos últimos anos. O FBK já, inclusive, classificado como um "agente estrangeiro", em um esforço implacável para silenciá-lo, segundo o próprio Navalny.
Citando uma fonte das forças de segurança, o jornal Kommersant disse, nesta segunda-feira, que o julgamento por extremismo está sendo realizado a portas fechadas, porque, no caso, são citados dados pessoais de membros dos serviços de segurança.
Ivan Zhdanov, um estreito colaborador de Navalny que vive no exterior, rejeitou essa versão, afirmando no Twitter que o caso foi classificado como secreto "para que ninguém possa ver o absurdo que está acontecendo".
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