O ataque aéreo de Israel na tarde deste sábado (15) destruiu um prédio onde funcionavam as sedes de diversas agências de notícias internacionais, como Associated Press e Al-Jazeera, além de apartamentos residenciais e escritórios.
Em um comunicado divulgado pouco depois, o exército israelense disse que o prédio também era usado para guardar artigos militares pertencentes ao Hamas, grupo militante palestino.
No entanto, o dono do complexo destruído negou que houvesse qualquer presença militar lá. A jornalistas, ele disse que só havia no edifício escritórios de imprensa e cerca de 60 apartamentos residenciais.
A torre bombardeada é o maior prédio destruído em Gaza por Israel até agora. A Associated Press (AP) disse que ele foi atingido cerca de uma hora depois das forças israelenses ordenarem que as pessoas evacuassem o local.
"Esse é um acontecimento perturbador. Evitamos mortes por pouco. Dezenas de jornalistas e freelancers da AP estavam no prédio e felizmente foi possível retirá-los a tempo", disse o presidente da AP, Gary Pruitt.
Após o bombardeio ao prédio, o Secretário de Imprensa da Casa Branca Jen Psaki disse que pediu ao governo israelense para garantir a segurança de jornalistas.
"Nós comunicamos diretamente aos israelenses que garantir a segurança dos jornalistas e da imprensa independente é uma responsabilidade crucial", postou no Twitter.
Bebê é único sobrevivente de ataque que matou crianças
Pelo menos 139 pessoas foram mortas em Gaza e nove em Israel desde que os confrontos entre palestinos e israelenses começaram na segunda (10).
Israel diz que dezenas de militantes estão entre os mortos, em Gaza, enquanto autoridades palestinas dizem que quase metade das vítimas eram mulheres e crianças.
Só neste sábado (15), 13 pessoas morreram na Faixa de Casa, sendo que 10 foram atingidas por um ataque aéreo de Israel a um campo de refugiados no oeste de Gaza. Autoridades palestinas dizem que oito dessas dez pessoas, que seriam de duas famílias, eram crianças.
Um bebê de cinco meses seria o único sobrevivente do bombardeio. Ele teria sido encontrado preso aos escombros, ao lado da mãe morta. Várias pessoas estariam desaparecidas após esse ataque aéreo.
Este sábado, dia 15 de maio, é quando os palestinos lembram o que eles chamam de al-Nakba- a Catástrofe. É o dia que marca a expulsão de centenas de milhares de palestinos de suas casas na guerra entre árabes e israelenses que começou um dia depois da declaração da fundação do Estado de Israel, em 1948.
Palestinos deixam casas
Akram Farouq, de 36 anos, saiu de sua casa em Gaza com toda a família depois que um vizinho disse a ele ter recebido uma ligação de um militar israelense alertando que o prédio seria atingido, diz a agência Reuters.
"Nós não dormimos a noite toda por causa das explosões e agora estou na rua com minha mulher e filhos, que estão chorando e temendo", disse.
Estima-se que 10 mil palestinos deixaram suas casas em Gaza desde segunda por causa do conflito, conforme um relatório das Nações Unidas.
Ataques a casas em Israel
Autoridades de Israel disseram que cerca de 200 foguetes foram lançados a partir de casa, atingindo casas nas cidades israelenses de Ashdod, Beersheba e Sderot.
Em Beersheba, 19 pessoas foram levadas ao hospital com ferimentos leves, depois de buscarem refúgio em abrigos e três estavam em estado de choque, conforme o The Times, agência de notícias de Israel.
Na tarde de sábado, um projétil atingiu uma rua em Ramat Gan, subúrbio de Tel Aviv, matando um homem.
Cerca de 2,3 mil foguetes foram disparados de Gaza para atingir alvos israelenses desde segunda, sendo que aproximadamente mil foram interceptados pelos escudos antimísseis de Israel e 380 acabaram caindo em Gaza, sem chegar a atingir o território israelense.
O estopim
Os primeiros conflitos eclodiram a partir da ameaça de despejo de famílias palestinas do bairro de Sheikh Jarrah, que fica fora dos muros da Cidade Velha de Jerusalém.
A área em que hoje vivem as famílias é reivindicada por grupos de colonos judeus em tribunais israelenses.
Há décadas israelenses têm ocupado áreas habitadas por palestinos por meio de assentamentos, tanto em Jerusalém Oriental quanto na Cisjordânia. Só nesta última, são cerca de 430 mil colonos israelenses distribuídos entre 132 assentamentos.
Essas colônias são consideradas ilegais pela lei internacional. Em pelo menos seis ocasiões desde 1979 o Conselho de Segurança da ONU reafirmou que elas são "uma violação flagrante da legislação internacional". A última delas foi em 2016 - o documento oficial também menciona Jerusalém Oriental.
Já Israel defende as iniciativas argumentando que se trata de uma estratégia de defesa de sua integridade, e não uma tentativa de tomada da soberania palestina.
Esse é um dos pontos mais contenciosos das negociações de paz na região e ajuda a explicar porque o atual conflito era inevitável, segundo o editor da BBC para o Oriente Médio, Jeremy Bowen.
O fato de o conflito ter desaparecido das manchetes internacionais nos últimos anos, diz ele, não significa que tenha acabado. É uma ferida aberta no coração do Oriente Médio, que gera ódio e ressentimento que atravessa não apenas os anos, mas gerações.
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.