Pesca

Pescadores franceses deixam ilha de Jersey após protesto pós-Brexit

Pescadores franceses alegam estarem impedidos de pescar em águas britânicas devido às dificuldades para obter licença

Agência France-Presse
postado em 06/05/2021 14:48 / atualizado em 06/05/2021 14:49
 (crédito: SAMEER AL-DOUMY)
(crédito: SAMEER AL-DOUMY)

Cerca de 50 barcos de pesca franceses que se reuniram nesta quinta-feira (6/5) nas proximidades da ilha de Jersey, no Canal da Mancha, para protestar contra as novas regras de acesso às suas águas após o Brexit, começaram a se retirar, informou à AFP um dos pescadores.

As autoridades de Jersey "mantêm suas posições", disse Ludovic Lazaro, um pescador francês, após uma reunião entre seus colegas e as autoridades de Jersey.

"Agora cabe aos ministros chegar a um acordo. Não poderemos fazer muito mais", acrescentou.

Dimitri Rogoff, presidente do Comitê de Pesca da Normandia, afirmou que "a demonstração de força acabou, agora é a política que tem que pegar o bastão".

Ele exortou o governo francês a adotar, se necessário, medidas de represália pelas dificuldades que enfrentam para obter licenças para pescar em águas territoriais britânicas.

Em resposta ao protesto dos pescadores, França e Reino Unido mobilizaram patrulhas na ilha de Jersey, que teve o porto bloqueado.

O governo britânico enviou dois navios de guerra à região, os barcos-patrulha HMS Severn e Tamar, para "supervisionar a situação".

Londres afirmou que era uma "medida estritamente preventiva".

O primeiro-ministro Boris Johnson "reiterou seu firme apoio à Jersey" e confirmou nesta quinta "que os dois navios ficarão para monitorar a situação", relatou Downing Street.

"Essas manobras não devem nos impressionar", já havia reagido à AFP o secretário de Estado francês para os Assuntos Europeus, Clément Beaune.

"Falei com David Frost, o ministro britânico responsável pelas relações com a União Europeia. Nossa vontade não é manter as tensões, mas ter uma aplicação rápida e completa do acordo", disse ele.

"Estamos trabalhando incansavelmente nisso com a Comissão Europeia e as autoridades britânicas. Com calma, determinação e firmeza".

Por sua vez, a ministra francesa do Mar, Annick Girardin, pediu às autoridades britânicas que revogassem as restrições ao acesso às águas de Jersey impostas aos pescadores franceses após o Brexit. "Quero que as autoridades britânicas revertam sua decisão", declarou.

A França enviou à região, em águas francesas, dois navios menores, o barco-patrulha Athos e a embarcação Themis, para garantir "a segurança da navegação e a salvaguarda da vida humana no mar", segundo as autoridades.

Quanto aos pescadores franceses, "barcos zarparam de toda parte, da Bretanha (oeste), da Normandia (noroeste)", disse à AFP Romain Davodet, de Carteret, na Normandia.

"É um movimento pacífico", havia afirmado.

Paris e Londres têm uma disputa há várias semanas sobre a pesca.

Os pescadores franceses dizem que estão impedidos de pescar em águas britânicas devido às dificuldades para obter licenças.

Além disso, o Reino Unido estabeleceu novas exigências na sexta-feira passada para o acesso aos barcos de pesca franceses às águas territoriais da ilha de Jersey, a maior do Canal da Mancha.

As medidas criam novas normas de zoneamento para as águas próximas de Jersey: "onde os barcos podem ir ou não", assim como o número de dias que os pescadores podem passar no mar e com quais equipamento", destacou o ministério francês.

Para a França, as novas normas não têm efeito porque o Reino Unido não as notificou à Comissão Europeia e não fazem parte do acordo de pesca negociada no âmbito do Brexit.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação