O México iniciou na terça-feira (4/5) a busca pelos responsáveis no acidente ocorrido no metrô da capital, que matou 25 pessoas quando um viaduto desabou em uma linha que já apresentava problemas de infraestrutura e operação.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, prometeu nesta terça-feira uma investigação profunda da tragédia.
"Teremos uma investigação exaustiva, sem considerações de qualquer espécie, procurando a verdade (...), a partir disto será apurada a responsabilidade", disse López Obrador.
Ele explicou que o inquérito está nas mãos das Procuradorias Federal e da Cidade do México, que receberão o apoio de especialistas internacionais independentes.
O incidente deixou 25 mortos e quase 80 feridos.
A Linha 12, onde ocorreu o acidente, foi construída e inaugurada em 30 de outubro de 2012, durante o mandato do então prefeito Marcelo Ebrard (2006-2012), atual ministro das Relações Exteriores.
Após o acidente, a imprensa local retomou as polêmicas que surgiram durante a construção deste trecho de cerca de 25 km, além dos seus problemas operacionais recorrentes.
Desde o início das operações, foram detectados desgastes nos trilhos e nas rodas dos trens. Esse fato fez com que, em março de 2014, Miguel Mancera, sucessor de Ebrard, suspendesse o serviço em 12 estações.
Depois, um estudo concluiu que havia problemas com o projeto, a operação e a manutenção dos trilhos.
O trecho onde ocorreu o acidente foi construído por uma empresa de Carlos Slim, reconheceu um porta-voz do magnata mexicano. Ele explicou que aguardará a perícia.
Ebrard, presente na entrevista coletiva do presidente, afirmou lamentar pelo "dia triste para todos" e disse colocar-se "à inteira disposição das autoridades (...)".
Investigar a fundo
Claudia Sheinbaum, prefeita da Cidade do México, garantiu em coletiva de imprensa que uma empresa norueguesa realizará a perícia.
"O compromisso (...) é ir a fundo sobre esse terrível incidente, que haja responsáveis, com a investigação autônoma e independente do Ministério Público", ressaltou.
Ricardo de la Torre, morador da região, disse à AFP que a passagem do trem produz uma forte vibração nas casas.
"Realmente, pelas manhãs, quando os trens começam a circular, para o serviço, você sente de casa. Por este simples fato sabemos que a construção é ruim", disse.
Imagens das câmeras de segurança registraram como, rapidamente, a enorme estrutura desabou, causando uma nuvem de poeira.
Os vizinhos da área correram para ajudar os sobreviventes, mais tarde sendo substituídos por dezenas de bombeiros e equipes de resgate.
Os 25 mortos já foram identificados e os corpos foram entregues às famílias, informou o MP.
José Luis Vigil ajudou na busca de um vizinho e de sua esposa, que teve o carro coberto por escombros.
José Martínez, trabalhador que utiliza a linha de metrô em direção Tláhuac, contou emocionado que escapou do acidente porque não conseguiu chegar a tempo de embarcar depois de sair do trabalho.
"Me salvei por 15 minutos", disse.
Alguns passageiros do metrô ficaram com medo, principalmente em linhas, como a 4, que passa por viadutos.
"Há mais de 10 anos que uso essa mesma linha para trabalhar e nunca vi ninguém cuidando de nada", contou à AFP Fernando Domínguez, um segurança particular, de 42 anos.
Responsabilidades
Este é o segundo acidente no metrô mexicano este ano.
Em janeiro, um incêndio nas instalações de controle deixou um morto e 29 pessoas intoxicadas.
Em março de 2020, dois trens bateram dentro de uma estação, acidente que teve o balanço de uma vítima fatal e 41 feridos.
O metrô da Cidade do México, inaugurado em 1969, é um dos principais meios de transporte da capital e sua zona metropolitana, onde vivem quase 20 milhões de pessoas.
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