FUTURO

Biden lança olhar de inclusão social para EUA em 1º discurso como presidente ao Congresso

Presidente americano diz que não vai aumentar impostos para pobres, quer investir nos planos de saúde e educação gratuita de qualidade para crianças como forma de investimento para aumentar a competição dos EUA no mundo

Em discurso aos 100 dias de governo e primeiro discurso como presidente ao Congresso americano, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, lançou um olhar otimista sobre o futuro do país. O presidente destacou a criação de empregos, avanços na ciência (como a cura do câncer), educação pública e gratuita (para garantir a competição dos americanos no mundo, principalmente frente à China), além de política internacional, direitos humanos, racismo e armas. "Não fazer nada não é uma opção", afirmou.

Ele defendeu um plano de ajuda às famílias americanas, principalmente as de baixa renda, para cuidados como a educação básica das crianças. O objetivo é dar auxílio aos pais para cortar a pobreza infantil pela metade, pelo menos até o final de 2025.

Segundo Biden, o plano de seguro de saúde americano abaixou recentemente e o objetivo é tornar a diminuição permanente. "O plano de saúde deve ser um direito e não um privilégio nos EUA," disse. Os custos de remédios no país, considerados um dos mais altos do mundo pelo presidente, também deverão baixar.

Sobre impostos, o presidente disse que não vai impor nenhum aumento a quem ganha menos de US$ 400. Mas aqueles que recebem mais devem pagar o que é justo. "Todo mundo deveria ter a oportunidade de ser um bilionário, mas paguem o que é justo," disse Biden citando pesquisas recentes que apontam que 55% das maiores corporações americanas não pagaram taxas em impostos federais no ano passado, apesar de terem bilhões em lucro. "É hora de crescer a nossa economia de baixo pra cima," afirmou.

Sobre a pandemia, Biden disse que os EUA devem virar também um arsenal e um depósito de vacina para outros países e que isso acontecerá após cada americano ter tido acesso antes.

Com relação à crise climática global, o presidente afirmou que não se trata de uma luta apenas americana, mas é uma tarefa global. Biden disse que o assunto foi abordado em uma longa conversa com o presidente da China, Xi Jinping, além de abordarem o comércio entre os dois países. "Deixei claro que nós vamos defender os interesses americanos o tempo todo, não vamos aceitar práticas injustas que prejudiquem trabalhadores e indústrias americanas. Nós vamos manter uma presença militar forte no Pacífico, como fazemos com a Otan na Europa, não para começar um conflito, mas para prevenir".

Outro tema sensível que Biden abordou em seu discurso foram os direitos humanos. "Os EUA não vão fugir de nossos compromissos com os direitos humanos. Nenhum presidente americano responsável deve ficar silencioso quando direitos básicos humanos estão sendo tão violentamente quebrados. O presidente deve representar a essência do que é o nosso país, os EUA são uma ideia, fomos criados todos iguais, não podemos fugir desse princípio. No que diz respeito à Rússia, eu disse também a Putin, nós vamos tentar escalar nossa intenção, mas cada ação dele terá consequências e responderemos proporcionalmente e diretamente, foi assim que respondi sobre a interferência na nossa eleição, nos ataques cibernéticos a nosso governo e negócios. Mas também podemos cooperar quando for do nosso interesse mútuo, como quando estendemos os tratados sobre armas nucleares. Sobre Irã e Coreia do Norte vamos trabalhar com nossos aliados para enfrentar também as ameaças através da diplomacia e força. [...] Nós temos a maior força de combate da história do mundo".

 

Um ano da morte de George Floyd


Biden ainda citou a morte de George Floyd, que vai completar um ano, e disse que conversou com a filha dele, e que a pequena disse que o pai dela havia mudado o mundo. "Todos nós vimos a injustiça na ação contra os negros americanos, agora é nossa oportunidade de fazermos progresso real, a vasta maioria dos homens e mulheres que usam uniforme da polícia servem corretamente a nossa comunidade, eu sei que eles querem o melhor. Nós precisamos nos juntar para construir a confiança entre as forças da lei e a população. Mudar também o sistema de Justiça. E tem essa lei sobre Floyd, que já passou na Câmara, precisamos trabalhar junto para entrar em consenso e vamos fazer um esforço para que essa lei seja aprovada no mês que vem, no primeiro aniversário da morte de George Floyd". O presidente ainda agradeceu o Senado por aprovar a legislação que protege os asiáticos americanos. "O racismo sistêmico mancha os EUA".

Outro pedido do presidente foi pela aprovação da lei contra a violência à mulher, que perdura há 27 anos. "Abusadores não podem ter armas. Há estimativas que cerca de 50 mulheres são mortas a tiros a cada mês nos EUA, vamos aprovar essa lei e salvar mais vidas". E completou sobre o assunto das armas de forma mais geral: "A violência das armas virou uma epidemia nos EUA". "Algumas pessoas não deveriam ter acesso a certas armas nunca, podemos ser razoáveis é uma questão americana", disse pedindo ajuda de republicanos no tema.


Biden também defendeu a reforma no sistema de imigração nos EUA. "Nós devemos também garantir a proteção dos imigrantes que vieram pra cá fugidos de países que eram afetados por desastres e governos para garantir comida em suas meses. Os imigrantes fizeram tanto pelo nosso país durante essa pandemia e durante toda a nossa história."

Sobre a democracia, o presidente ainda disse que precisa proteger o direito sagrado ao voto. "Mais pessoas votaram na última eleição do que em qualquer momento da história americana, no meio da pandemia, isso deveria ser comemorado, mas ao invés disso está sendo atacado. O Congresso deveria aprovar as novas legislações eleitorais que já estão prontas, o país apoia isso".

"Precisamos provar que a democracia e o governo funcionam. Nos nossos primeiros 100 dias juntos nós trabalhamos para restaurar a fé das pessoas na democracia, vacinamos a população, criamos centenas de milhares de trabalho, estamos dando novos recursos para que eles possam ver nas suas vidas as oportunidades e mais justiça, isso é a essência dos EUA, isso é a democracia em ação. Nós somos o povo". 

"Nunca estive mais confiante e otimista em relação à America, não porque eu sou o presidente, mas porque vejo o que está acontecendo com o povo americano. Nós olhamos para o abismo da insurreição da autocracia, da pandemia, a dor, e nós, o povo, não vacilamos". 

"Eu disse a cada um dos líderes com quem eu me encontrei em todos esses anos que nunca foi um bom caminho apostar contra os EUA, e não é bom apostar hoje. Nós somos os EUA e não há uma única coisa, nada que esteja além da nossa capacidade, nós podemos fazer o que decidirmos fazer, se fizermos isso juntos. Então vamos começar a nos unir".