O presidente dos Estados Unido, Joe Biden, e seu homólogo turco Recep Tayyip Erdogan falaram por telefone nesta sexta-feira (23/4), na véspera de um possível reconhecimento do genocídio armênio por Washington.
O presidente democrata expressou sua disposição de construir uma "relação bilateral construtiva", de acordo com a Casa Branca em um breve resumo que também cita a necessidade de alcançar "uma gestão eficaz das divergências".
A presidência turca explicou, entretanto, que "os dois líderes concordaram sobre o caráter estratégico (...) da relação bilateral e a importância de construir uma cooperação mais estreita em questões de interesse mútuo".
O comunicado dos Estados Unidos não menciona em nenhum momento que ocorrerá o reconhecimento do genocídio armênio que provoca a ira de Ancara.
A designação já foi feita por mais de vinte países e por inúmeros historiadores, mas é contestada pela Turquia.
O Departamento de Estado americano divulgou nesta sexta-feira que um "anúncio" é esperado no sábado sobre o "genocídio armênio", sugerindo uma confirmação que de fato o presidente Biden planeja reconhecê-lo em uma data histórica.
O dia 24 de abril marca o 106º aniversário do início do massacre dos armênios pelo Império Otomano em 1915.
Embora não tenha consequências legais, a designação desagradaria Ancara, que rejeita o termo "genocídio" e nega qualquer sugestão de extermínio, enquanto evoca massacres recíprocos em um pano de fundo de guerra civil e fome que deixou centenas de milhares de mortos em ambos os lados.
Apesar de anos de pressão da comunidade armênia nos Estados Unidos, nenhum presidente se arriscou a irritar Ancara, aliado histórico de Washington e membro da Otan.
Biden e Erdogan concordaram em se reunir em junho, paralelamente à cúpula da Otan em Bruxelas, a qual o presidente comparecerá durante sua primeira viagem ao exterior desde que assumiu o cargo.
Erdogan disse na quinta-feira a seus assessores "para defender a verdade contra aqueles que apoiam a mentira do alegado 'genocídio armênio'", informou o gabinete do presidente turco sem mencionar as intenções de Biden.
Ancara e Washington discordam em vários temas, como a compra pela Turquia de sistemas russos de defesa aérea S400, o apoio dos EUA a grupos curdos no norte da Síria ou a recusa das autoridades americanas de extraditar o pregador Fetulá Gülen, acusado pela Turquia de estar por trás do golpe fracassado de 2016.