Politica

Líderes ibero-americanos se reúnem para buscar respostas à crise da covid-19

A América Latina é a segunda região do mundo com mais mortes pela covid-19, ficando atrás apenas da Europa que registra 1 milhão de mortes e 47,9 milhões de casos

Em plena onda da covid-19 na América Latina, os líderes regionais buscarão respostas coletivas à pandemia e seu golpe econômico na Cúpula Ibero-americana que acontecerá na quarta-feira (21/4) em Andorra, em formato semipresencial.

Recorde de mortes em um dia no Chile e Peru, de infecções no Uruguai e Argentina, reforço das restrições na Colômbia e Guatemala... A região, uma das mais atingidas do mundo, enfrenta outra onda do vírus.

Em razão da situação sanitária, a grande maioria dos 10 governantes latino-americanos ou seus representantes participarão virtualmente do evento, que tem como lema "Ibero-América enfrenta o desafio do coronavírus".

Em Andorra, pequeno Estado situado nos Pirineus entre Espanha e França, estarão presentes apenas os presidentes da Guatemala e da República Dominicana, sedes da anterior e da próxima cúpulas, e também os chefes de Governo de Andorra, Portugal e Espanha, bem como o rei deste último país, Felipe VI.

O encontro terá uma "alta participação" de lideranças latino-americanas, afirmou à AFP a secretária-geral Ibero-americana Rebeca Grynspan, embora a lista oficial dos líderes que falarão ainda não tenha sido publicada.

A participação do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, está confirmada, segundo fontes do governo espanhol.

Presença polêmica, uma vez que a legitimidade de seu governo é questionada por países como a Espanha, que exige eleições livres para resolver a crise no país, ou por membros do Grupo de Lima, como Brasil, Chile, Colômbia ou Peru, que reconhecem como presidente interino o opositor Juan Guaidó.

O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, também falará, enquanto Jair Bolsonaro e o mexicano Andrés Manuel López Obrador já declinaram, segundo fontes do governo espanhol.

Retrocessos sociais 


Além das divergências políticas na heterogênea região, o objetivo é que o encontro produza respostas consensuais e concretas à pandemia e ao desastre econômico na região, segundo Rebeca Grynspan.

A América Latina é a segunda região do mundo com mais mortes pela covid-19, com quase 862.000 óbitos e 27 milhões de infecções (com o Caribe incluído), atrás apenas da Europa (1 milhão de mortes e 47,9 milhões de casos).

Com a pandemia, a região sofreu em 2020 uma contração de 7% do PIB, a mais acentuada do mundo segundo o FMI, e pode ter perdido 2,7 milhões de empresas, de acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

"Retrocedemos uma década em nosso PIB per capita, 15 anos em nossos índices de pobreza e (...) 30 anos na pobreza extrema", resumiu Grynspan.

"Isto agravado por una situação marcada pela desunião regional", que impediu ações coordenadas para, por exemplo, a compra de vacinas, resultando num "balanço preocupante" que pode ter "repercussões políticas" graves, alerta Carlos Malamud, pesquisador no Real Instituto Elcano em Madri.

Vacinas e financiamento 


Por isso é fundamental alcançar posições comuns diante da pandemia, com prioridade na ampliação do acesso às vacinas, em uma região que imunizou apenas 9% de sua população, mesmo com sucessos como o do Chile (34% da população-alvo).

Um forte apelo é esperado da cúpula por um "acesso universal à vacinação como um bem público global" e para "fortalecer" o mecanismo Covax da Organização Mundial da Saúde para distribuição equitativa de vacinas, disse Grynspan.

Para facilitar o acesso da região a financiamentos para a recuperação econômica, o encontro deve apoiar um aumento dos Direitos Especiais de Saque (SDR) do FMI, que colocaria mais de US$ 70 bilhões à disposição da região para fortalecer suas reservas.

Também será proposto que os países desenvolvidos que não precisam de seus Direitos Especiais de Saque, possam cedê-los a outras nações.

Um tratado internacional pandêmico, promovido por várias dezenas de líderes, e um Observatório Ibero-americano contra a violência de gênero serão debatidos para acelerar as ações contra este flagelo.

A sessão plenária da cúpula está agendada para quarta-feira (21/4) às 14h00 GMT (11h00 de Brasília), com término previsto para 19h00 GMT (16h00 de Brasília), quando será realizada a coletiva de imprensa final.

Antes disso, uma cúpula empresarial preparará o terreno entre segunda (19/4) e terça-feira (20/4).

Saiba Mais