Os Estados Unidos saudaram nesta sexta-feira (16/4) a promessa do presidente Jair Bolsonaro de pôr fim ao desmatamento ilegal na Amazônia até 2030, mas pediram "ações imediatas" para alcançar "resultados concretos".
"O fato de o presidente Bolsonaro ter confirmado o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal é importante", disse o enviado especial do presidente americano, Joe Biden, para o clima, John Kerry.
"Esperamos uma ação e um diálogo imediatos com as populações indígenas e a sociedade civil para assegurar que este anúncio se traduza em resultados concretos", acrescentou em um tuíte.
Bolsonaro enviou nesta quinta-feira (15/4) uma carta ao colega americano na qual reiterou seu "compromisso de erradicar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030", compromisso que o país assumiu ao assinar o acordo climático de Paris em 2015.
O presidente esclareceu que este objetivo só poderá ser alcançado "com recursos significativos" e que espera contar com "todo o apoio possível" da comunidade internacional, das empresas e da sociedade civil.
Muito mais próximo do ex-presidente Donald Trump do que da atual administração democrata nos Estados Unidos, Bolsonaro participará em 22 e 23 de abril da cúpula climática virtual liderada por Biden, com cerca de quarenta líderes mundiais.
Em sua carta, deu seu "apoio inequívoco aos esforços realizados" pelo novo presidente americano.
Desde a chegada ao poder - no começo de 2019 - de Bolsonaro, favorável à exploração de minérios e agropecuária em reservas naturais e territórios indígenas, o desmatamento e os incêndios florestais na Amazônia alcançaram níveis preocupantes.
Entre agosto de 2019 e julho de 2020, o desmatamento aumentou 9,5% em comparação com os 12 meses anteriores, com uma área desmatada equivalente à da Jamaica.
As políticas ambientais do governo Bolsonaro são regularmente criticadas por ambientalistas, que estão particularmente preocupados com os cortes drásticos de orçamento e pessoal em instituições ambientais como o Ibama.
O presidente também teve discussões acaloradas com o presidente francês, Emmanuel Macron, quando incêndios florestais devastaram grandes áreas da Amazônia em 2019.
Com o atual presidente americano, o tom subiu em setembro, quando durante um debate antes das eleições presidenciais, o então candidato Joe Biden mencionou a possibilidade de sanções econômicas se o desmatamento continuasse aumentando no Brasil.