Tantas Palavras

Soneto da constatação

Somos todos estrelas reluzindo
como pontos de luz no firmamento.
Somos todos estrelas se extinguindo
como as almas levadas pelo vento.

Somos apenas chuva passageira
que escorre das calçadas para o esgoto,
no ritmo desta vida tão ligeira
que sempre acabará no mesmo porto.

Sob o signo de velhas divindades
somos meros fantoches do destino,
vivendo como sombras nas cidades.

Herdeiros do profano e do divino,
Sepultamos as últimas vaidades
Sob as ruínas dos sonhos de menino.

Fernando Freire