Os Estados Unidos viraram nesta terça-feira (13) a página das tensas relações com a Alemanha sob o governo de Donald Trump com o anúncio de que vão enviar 500 soldados adicionais e silenciando a divergência sobre o gasoduto Nord Stream. Em sua primeira visita à Alemanha, o novo secretário da Defesa, Lloyd Austin, não chegou de mãos vazias.
"Informei à ministra da Defesa (alemã) sobre nossa intenção de enviar permanentemente cerca de 500 militares americanos adicionais à região de Wiesbaden (oeste) a partir deste outono (boreal)", afirmou o secretário em um comunicado conjunto com sua homóloga alemã, Annegret Kramp-Karrenbauer.
"É uma excelente notícia que o presidente (Joe) Biden não só tenha anunciado que abandonou os planos de retirada, como também vai reforçar essas tropas na Alemanha", disse a ministra alemã, que enxerga isso como "um sinal muito forte de unidade".
Este anúncio é contrário à atitude tomada durante a presidência de Trump, que criticava constantemente a falta de participação financeira alemã para sua segurança e também na OTAN. Inclusive, o ex-presidente planejava reduzir a presença militar americana na Alemanha, uma herança do fim da Segunda Guerra Mundial.
A presença americana diminuiu notavelmente desde a queda do Muro de Berlim, passando de 200.000 soldados em 1990 para 34.500 este ano.
Austin prometeu que a Alemanha "continuará sendo um parceiro importante na questão de segurança e de economia" dos Estados Unidos "durante os próximos anos". "É por isso que o reforço das nossas relações com a Alemanha é uma das grandes prioridades da gestão Biden-Harris", declarou.
O polêmico projeto do gasoduto russo-alemão Nord Stream 2, que está prestes a ser concluído e ao qual os Estados Unidos se opõem, não prejudicaria esta relação.
"Manifestamos a nossa oposição a este acordo e à influência que confere à Rússia. Mas não deixaremos que este assunto seja um obstáculo no caminho da grande relação que temos com a Alemanha", afirmou Austin.
No entanto, o novo governo democrata alertou nas últimas semanas que "todas as organizações envolvidas" na construção do gasoduto, incluindo várias empresas alemãs, serão sancionadas pelos Estados Unidos se não se retirarem do projeto "imediatamente".
Enquanto Berlim deve encontrar um arranjo para não desistir do gás russo e, ao mesmo tempo, apaziguar os Estados Unidos, o ministro alemão sugeriu nesta terça-feira uma pista: fazer com que a quantidade de gás transportado pelo futuro gasoduto "dependa" do "comportamento" do Rússia.
Depois da Alemanha, Lloyd Austin também é esperado em Bruxelas, com o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, para consultas com a OTAN sobre a situação nas fronteiras ucranianas.